As exportações em Juazeiro do Norte tiveram crescimento de 162%, no último mês de outubro, em relação ao mesmo período do ano passado. O setor de calçados concentra quase 70% das vendas para o mercado internacional, enviadas, principalmente, para o Paraguai, Bolívia e Argentina. Aos poucos, o número de empregados na indústria vai se recuperando, após demissões causadas pela pandemia da covid-19.
De acordo com o Comex Stat, sistema para consultas e extração de dados do comércio exterior brasileiro, disponibilizado pelo Ministério da Economia, Juazeiro do Norte gerou, no mês passado, U$ 168.568 com exportações, enquanto, em outubro de 2019, conseguiu U$ 64.290.
Isso sinaliza uma recuperação que acontece desde setembro, quando as exportações geraram U$ 81.967, equivalente a um aumento de 12,23% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o comercio exterior alcançou U$ 73.032.
Em agosto, pelo contrário, ainda havia sintomas mais fortes da crise econômica gerada pela pandemia da covid-19, sendo que, em 2020, só foi conquistado U$ 32.780 com a venda para outros países, enquanto neste mesmo mês, em 2019, foram alcançados U$ 49.904, ou seja, uma queda de 31,31%.
O diretor da Indústria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação de Juazeiro do Norte (Sedeci), Piedley Macedo, acredita que a queda durante o período de isolamento social mais rígido, vivido de março a agosto, foi muito impactante, tanto no comércio quanto na indústria, e desacelerou o processo de crescimento que havia em anos anteriores. “A partir de agosto há um crescimento leve e, em setembro e outubro, volta a ser acelerado”, pontua.
A partir destes números, Macedo acredita numa boa perspectiva para o futuro. “Isso sinaliza um crescimento da nossa indústria, já que o mercado externo está começando a se estabilizar em alguns países e começa perceber um crescimento repercutindo no nosso comércio exterior”, completa. “Se permanecer constante, com crescimento acima dos padrões, ainda pode fechar o ano com saldo positivo”, observa, de forma otimista.
Empresário do setor calçadista, Abelito Sampaio acredita que a paralisação causada pela pandemia nas exportações fez, após a volta das atividades, a procura ser maior. “O dólar valorizado também contribuiu muito. A retração foi tão grande que, quando voltou, apareceram muitos clientes”, ressalta.
Demissões
Na empresa de Abelito Sampaio, após a paralisação das atividades, todas as exportações já acordadas tiveram que ser suspensas. Foram quase 90 dias parados, o que causou a redução do quadro de funcionários para 20% e, depois, 30%. Agora, já está com capacidade normal. “Já estão todos recontratados. A gente só não contratou mais por causa da matéria prima”, admite o empresário.
Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), em Juazeiro do Norte, o número de empregados na indústria, no final de 2019, era de 44.452. Houve uma redução de 0,69% em janeiro, mas uma compensação de 0,80% em fevereiro. No mês seguinte, seguiu uma leve estabilidade, com queda de apenas 0,05%.
Já em abril, com a pandemia, houve significativa queda de 1,77%. Maio e junho também tiveram redução de 0,4% e 0,66%, respectivamente. Apenas em julho houve novo crescimento de admissões de 0,49%, somando um total de 43.372 trabalhadores.
Já os dados mais recentes, de agosto, apontam saldo positivo de 199 trabalhadores com crescimento de 0,45% em relação ao mês anterior, e, em setembro, mais uma vez, positivo, com 215 novos empregados, o que representa crescimento de 0,49%. No total, são 43.786 funcionários na indústria, apesar do aumento ainda está 1,49% abaixo do número de 2019. Outubro ainda não foi contabilizado.
Por Antonio Rodrigues
Fonte: Diário do Nordeste