Em meio ao avanço das fintechs no Brasil, o fechamento de agências bancárias para enxugamento de estruturas físicas se tornou comum entre as principais instituições.
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Dados fornecidos pelo Sindicato dos Bancários extraídos da base do Banco Central indicam o encerramento de 12 agências no Ceará, fora as fusões e transformações de unidades em estruturas menores.
A extinção e transformação dessas estruturas se concentra no interior do Estado. Na avaliação do diretor do Sindicato dos Bancários do Ceará, Bosco Mota, o fechamento de filiais nessas regiões prejudica a acessibilidade, sobretudo de quem reside em áreas com cobertura de rede móvel insuficiente.
Ele pontua que o fechamento de agências ocorre na esteira da digitalização e também pega carona na forte onda de violência contra os bancos do interior observada nos últimos anos.
Um movimento visível no Estado é o de transformações de agências em pontos de atendimento, de acordo com ele. “Algumas cidades tem Ponto de Atendimento, mas tem máquina que falta dinheiro. Tem máquinas que recebem depósito, o comerciante deposita e o aposentado saca, mas às vezes falta dinheiro”, explica. “Provoca uma situação desconfortável, porque o usuário vem da Zona Rural, chega lá e não tem o dinheiro. É um transtorno”, lamenta Mota.
“Foram fechadas 361 agências do Banco do Brasil em todo o País e estão sendo abertas novas unidades da Caixa, mas as da Caixa são da seguinte forma: com três funcionários”, diz. “Pelo menos os bancos federais tinham que atender o povo como ele merece”, avalia Mota.
Os encerramentos de agências bancárias são compensados pela abertura de unidades de outras instituições, como cooperativas financeiras, por exemplo. Em 2021, a categoria que engloba essas outras instituições contava com duas agências. Em 2022, são 17.
Bosco explica que, no caso do Santander, apesar dos números do Banco Central indicarem o encerramento de três agências, houve expansão.
Em nota, o banco explica que a maior parte da redução nos pontos de atendimento se deve à consolidação de códigos de agências no Banco Central, e não ao fechamento de endereços.
Já o Banco do Nordeste, de acordo com ele, foi uma das instituições que vem reduzindo a presença no interior do Estado, apesar dos números indicarem uma manutenção no número de agências entre 2021 e 2022.
O que dizem os bancos
Em nota, o Bradesco afirma que houve uma aceleração no processo de “otimização e modernização de sua rede física de agências” e justificou que atualmente, 98% das transações são feitas pelos canais digitais do banco.
“O banco tem promovido uma mudança estrutural em seu modelo de atendimento, transformando parte de suas agências em unidades de consultoria de negócios, tanto para investimentos como para empréstimos a pessoas físicas e jurídicas. Dentro desse processo de otimização, algumas agências passaram por uma adequação do seu tamanho físico e outras por uma fusão de unidades sobrepostas, como, por exemplo, aquelas localizadas a poucos metros uma da outra”, diz o Bradesco.
O Itaú Unibanco disse que o encerramento das agências físicas é consequência de mudanças na demanda dos clientes e da proximidade que havia entre algumas unidades.
“O Itaú Unibanco informa que o encerramento de agências físicas é consequência de mudanças na demanda dos seus clientes e também de sobreposições em razão da proximidade entre unidades. O banco entende que o atendimento presencial é um diferencial competitivo importante e, desta forma, sua rede física continuará a ter o tamanho e os serviços que os clientes quiserem”, diz o banco.
O Santander informa que expandiu a sua presença no Estado entre 2021 e 2022 e diz que outras duas deverão ser inauguradas ainda neste ano no Ceará.
“O Santander informa que expandiu sua presença física no Ceará entre 2021 e 2022, período em que abriu 10 agências e fechou apenas uma. Hoje, o total de agências no estado é de 46 e outras duas deverão ser inauguradas ainda neste ano. A maior parte da redução no número de pontos de atendimento registrado no primeiro trimestre se deveu à consolidação de códigos de agências no Banco Central, e não ao fechamento de endereços”, destaca.
O Banco do Nordeste informou apenas que não há previsão de fechar qualquer agência no Ceará.
Banco do Brasil destacou que foram anunciadas medidas para ganho de eficiência na rede de atendimento. Entre essas medidas estão “abertura, relocalização, mudanças de tipologia e encerramento de pontos de atendimento, ao longo do ano de 2021, conforme cronograma que considerou os aspectos relacionados a pessoas, sistemas, processos internos e ajustes em estruturas”.
“A distribuição da rede do banco é avaliada de forma permanente, de forma a acompanhar as mudanças de hábitos dos seus clientes, considerando o avanço da tecnologia para a realização de transações através de meios digitais. Dessa forma, nos últimos anos o BB realizou ajustes em sua rede de atendimento, com a criação de unidades especializadas para atendimento a públicos diversos, tais como Empresa, Escritórios Digitais, Agro, Investidores, dentre outros. O Banco do Brasil mantém presença física em mais de 96% dos municípios de todo o país”, diz também a nota do BB.
A instituição acrescenta ainda que “o banco sempre manteve presença nos municípios onde atua, seja através de unidade própria de atendimento, seja através de seus correspondentes”. “Em relação ao último grupo, houve crescimento de aproximadamente 46% na quantidade de pontos, passando de 12.998 em dezembro de 2020 para 18.980 unidades em setembro de 2021”, arremata.
Em nota, a Caixa disse que prevê a inauguração de novas unidades no País, sendo 16 no Ceará. Disse ainda que o banco possui 98 agências no Estado e 396 unidades lotéricas, além de 381 correspondentes Caixa Aqui.
“A Caixa esclarece que o plano de expansão da Caixa prevê a inauguração de novas unidades em todo o país e totalizará a entrega, nos próximos meses, de 268 unidades do banco, incluindo 100 dedicadas exclusivamente para atendimento ao agronegócio. Como resultado, o banco estará presente em todos os municípios brasileiros com mais de 40 mil habitantes, mantendo a maior capilaridade entre as instituições financeiras brasileiras, bem como levará atendimento a microrregiões historicamente desassistidas do país”, diz a nota do banco.
“Para o Ceará, está prevista a abertura de 16 novas unidades nos seguintes municípios: Amontada, Aquiraz, Beberibe, Caucaia, Fortaleza (duas), Granja, Guaraciaba do Norte, Itarema, Lavras da Mangabeira, Massapê, Mombaça, Paracuru, Pedra Branca, Pentecoste e Viçosa do Ceará, além de Missão Velha (já inaugurada) e Cascavel (especializada agro, já inaugurada)”, arremata a Caixa.
Fonte: Diário do Nordeste