Depois de ficar parada por mais de três anos, a Ferrovia Transnordestina Logística S/A (TLSA) – que deverá ligar os portos do Pecém (CE) e Suape (PE) e, futuramente, a ferrovia Norte-Sul – voltou a ter progresso, chegando a impactar a economia e estrutura de cidades no Estado.
Com um investimento, inteiramente privado, de R$ 257 milhões, as obras estão sendo retomadas pela construtora Marquise e já chegaram aos municípios de Lavras da Mangabeira, Aurora, Cedro, Missão Velha, Icó. A previsão é que a ferrovia chegue a Iguatu ainda em 2020. O processo, no Ceará, é financiado com recursos privados destinados pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
De acordo com a Marquise, 35% do projeto no Ceará já estão contratados pela CSN, enquanto 25% do total da extensão da rodovia estão em andamento. As obras estão sendo executadas desde setembro do ano passado e já geraram mais de 600 empregos diretos no Ceará. A construtora reforçou que a maioria das pessoas selecionadas para trabalhar no projeto são moradoras das regiões onde as obras estão sendo realizadas.
Renan Carvalho, diretor de Infraestrutura da Marquise, destacou os impactos positivos gerados pela construção da ferrovia no Estado e na região Nordeste.
“Os efeitos positivos são imediatos, o que ajuda a alavancar a economia como um todo. A obra estava inteiramente paralisada desde 2016, quando fomos obrigados a demitir muita gente que sequer conseguiu repor seu trabalho em obras ou outra atividade. Agora estamos muito otimistas porque viramos a chave. Estamos contratando ao invés de demitir e novamente avançando e contribuindo para o desenvolvimento do País”, pontuou.
Carvalho ainda destacou que os postos de trabalho acabam impulsionando o setor de serviços nas localidades das obras, mencionando o número de casas alugadas para atender à necessidade de moradia de parte dos trabalhos. Segundo o diretor, já são mais de 50 casas alugadas em cidades do interior. “Uma obra dessa envergadura tanto é muito importante para potencializar a infraestrutura nacional, como, durante sua execução, movimentar fortemente a economia dessas cidades com a criação de postos de trabalho e serviços indiretos”, ponderou Carvalho.
Previsão
O diretor de infraestrutura da Marquise ainda disse que a empresa estima entregar os primeiros 150 quilômetros da ferrovia até o fim do primeiro semestre do ano que vem. Mas previu que os 100 primeiros quilômetros devem ser concluídos ainda em 2020, caso o planejamento siga sem interrupções de ordem natural, como chuvas, ou corte de recursos, como já aconteceu em momentos anteriores.
“Mantido esse ritmo eficiente de serviço, acreditamos que entregaremos os primeiros 150 quilômetros até o primeiro semestre do próximo ano, sendo 100 quilômetros ainda este ano, caso não haja nenhum contratempo ou interrupção de recursos”, projetou Renan Carvalho.
De acordo com uma análise da CSN, a Transnordestina deverá ter a capacidade de movimentar, quando completa, cerca de 30 milhões de toneladas de grãos por ano, “com destaque para granéis sólidos (minério e grãos)”.
Mas os impactos já começaram a ser sentidos na economia local. “Para nós, é uma satisfação muito grande a retomada da obra na nossa cidade. Gera emprego e renda, não apenas de forma direta, com os trabalhadores da própria obra da ferrovia, mas de forma indireta com fornecedores locais e isso nos trouxe esperança de dias melhores. Esperamos que daqui para frente não haja mais interrupção. A cidade e a região crescem juntas”, disse Nilson Diniz, prefeito de Cedro.
Estrutura
Segundo dados do projeto, com 1.753 km de extensão em linha principal, a ferrovia Transnordestina passará por 81 municípios, requisitando 290 mil toneladas de trilhos na construção. A obra completa deverá usar recursos da CSN, Valec, Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Nordeste (BNB) e Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
A composição acionária da ferrovia institui 46,30% para a CSN; 39,10% da Valec; 5,38% do BNDES; 1,76% do Finor; 3,21% do Finame; e 4,25% do BNDESPar, segundo relatório publicado no site da CSN em setembro de 2018.
Em abril do ano passado, no entanto, a CSN correu o risco de perder os contratos de construção da Transnordestina. Isso porquê a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) havia iniciado um processo administrativo que poderia ter encerrado a validade dos contratos considerando o tempo de paralisação.
Fonte: Diário do Nordeste