A alta estação sempre traz esperanças de boa movimentação da economia cearense, a partir da chegada de turistas. E em 2019 não deverá ser diferente, com uma boa expectativa do Sistema Nacional de Emprego/Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT) para geração de vagas de emprego temporária para o período de férias no Estado. De acordo com o órgão, a expectativa é que sejam geradas cerca de 1.700 oportunidades de trabalho temporário durante o período que deve ir do fim de junho até o começo de agosto.
Segundo Rubens da Cunha Rodrigues, coordenador de intermediação de profissionais do Sine/IDT, a estimativa deve manter 2019 em patamar semelhante ao ano passado no quesito da criação de vagas temporárias. Mas, apesar da estabilidade, ele ponderou que o resultado é positivo, pois indica um bom nível para atividade econômica local.
Além disso, Rodrigues afirmou que o resultado mostra que a geração de outros tipos de serviços, não convencionais, marcados especialmente pelos aplicativos de transporte e locação de imóveis, por exemplo, não interferiu nas vagas tradicionais.
“O sistema público de emprego conseguiu se manter com o mesmo patamar e nível dos anos passados. Claro que há outras áreas da economia, mas existe um mercado muito amplo para todas as áreas, como aplicativos, que podem atuar sem interferir diretamente”, disse.
Rodrigues ainda explicou que uma das razões para a estimativa positiva para 2019 é a série de iniciativas do Governo do Estado para promover o Ceará como destino aos turistas nacionais e internacionais que buscam um destino para aproveitar as férias. Reflexo desses esforços, no último dia 20 de junho, pesquisa aponta que Fortaleza é a quarta cidade mais procurada por brasileiros para as viagens de julho.
“O Governo do Estado tem feito grandes investimentos e o Ceará tem atraído muitos turistas, além de ser um período de férias que aumenta a movimentação econômica nos setores de turismo e comércio, por exemplo”, afirmou.
Demanda
O levantamento do Sine ainda aponta que as funções mais procuradas para serviços temporários serão de segurança de eventos, garçom, cozinheiro e consultor de venda. A Capital, mais uma vez, deverá concentrar a maior parte das vagas temporárias ofertadas, acumulando 70% da demanda indicada pelos bancos de dados do Sine.
Rubens afirmou que as vagas em cidades no interior estarão condicionadas à criação de novos negócios, à demanda e aos eventos que estiverem marcados para o local, como a Expo Crato, que deverá ter uma certa quantidade de seguranças.
Otimismo
As expectativas otimistas são compartilhadas pelo secretário do Turismo (Setur), Arialdo Pinho, que indicou um aumento na chegada de turistas no Ceará durante a alta estação em relação a igual período do ano passado.
No entanto, o gestor não precisou de quanto seria a evolução ante o desempenho de 2018. Segundo Pinho, a Setur deverá consolidar as informações sobre a previsão de chegada de turistas até a próxima semana. “A chegada de turistas no Ceará em 2019 deverá, sim, superar o ano passado. Nós ainda não temos os dados precisos, mas a expectativa está adiante do que se viu em 2018. Ainda estamos trabalhando com uma estimativa”, ponderou Arialdo Pinho.
E o desembarque de turistas no Ceará deverá impactar vários setores da economia, direta e indiretamente, de acordo com Rubens Rodrigues, o que pode gerar vagas temporárias em diversas áreas. “Se você olhar para o setor de serviços, a parte de turismo e entretenimento são os que mais vão disponibilizar vagas temporárias, mas isso impacta todo o resto da cadeia. Um maior volume de turistas pode aumentar o comércio e um setor impacta no outro indiretamente”, explicou.
Hotelaria
No entanto, nem todos os setores da economia do Estado estão otimistas com a chegada da alta estação. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Ceará (ABIH-CE), Eliseu Barros, o número de reservas em grandes hotéis está abaixo do esperado para o período e o que foi registrado no ano passado. Segundo ele, o setor ainda espera que sejam feitas reservas de última hora, pois a situação atual está causando preocupação nos empresários ligados à entidade.
“A situação preocupa porque estamos percebendo que essas plataformas de venda alternativa estão ganhando muito espaço porque eles têm custos bem abaixo. Eles não têm custo com mão de obra, não pagam impostos, então elas acabam ficando mais competitivas. As plataformas estão oferecendo preços menores, e os empresários acabam perdendo também, assim como o poder público que perde arrecadação”, disse Barros sobre os aplicativos de locação de imóveis, como o AirBNB.
Os grandes hotéis também não deverão gerar vagas temporárias, segundo Eliseu Barros. Pelas características específicas de formação dos profissionais, ele explicou que o hotéis preferem manter um quadro fixo durante o ano inteiro, não abrindo tanto espaço para oportunidades temporárias. “Fazemos isso porque é muito caro formar profissionais”, defendeu Barros.
Fonte: Diário do Nordeste