O governo federal anunciou, no dia 3 de abril, a criação da Faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que amplia de R$ 8 mil para R$ 12 mil o limite da renda familiar para participação no programa habitacional. A nova modalidade oferece juros reduzidos e prazos maiores de financiamento, visando facilitar o acesso à casa própria para famílias de classe média.
Curta, siga e se inscreva nas nossas redes sociais:
Facebook | X | Instagram | YouTube | Bluesky
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Entre no canal do Revista Cariri no Telegram e veja as principais notícias do dia.
Com as novas regras, de acordo com o ministro das Cidades, Jader Filho, o governo federal abrirá uma seleção de 100 mil novas moradias dentro da “Faixa 4” do MCMV.
“Temos atuado de forma integrada com o setor privado, com entes federativos e com os movimentos sociais para ampliar o acesso à moradia, diversificar as fontes de financiamento e aprimorar os marcos regulatórios do setor. O nosso compromisso é garantir que o investimento público seja cada vez mais eficiente, transparente e voltado para os resultados concretos”, afirmou o ministro.
A avaliação de Jader Filho foi feita durante o Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), em São Paulo (SP), evento promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
O que muda com a Faixa 4?
• Renda familiar: de até R$ 12 mil mensais
• Valor do imóvel: até R$ 500 mil
• Juros anuais: 10,5%, abaixo dos 11,5% ou mais do mercado tradicional
• Prazo de financiamento: até 420 meses (35 anos)
• Disponibilidade: a partir de maio
• Meta inicial: atender até 120 mil famílias
• Oferta de moradias: 100 mil novas unidades habitacionais
Impacto econômico e do mercado
Para o economista Rafael Diniz, especialista em políticas públicas, a medida tem um duplo efeito: “Por um lado, amplia o acesso ao crédito e movimenta a cadeia da construção civil. Por outro, tem um claro viés eleitoral, ao atingir uma classe média que vinha sendo pressionada pelo alto custo da moradia nos últimos anos”, relatou ao Revista Cariri.
Segundo ele, a injeção de R$ 30 bilhões em recursos via FGTS e instituições financeiras pode representar um estímulo importante para o PIB do setor em 2025. “Mas será preciso monitorar o endividamento das famílias e a capacidade real de pagamento em prazos tão longos”, alerta.
Visão do mercado imobiliário
Já para o consultor imobiliário Henrique Bastos, a medida pode oxigenar o mercado, especialmente em grandes centros urbanos, onde imóveis na faixa de R$ 300 mil a R$ 500 mil são comuns: “É um incentivo direto à compra formal. Hoje, muitas famílias nessa faixa de renda acabam optando pelo aluguel ou por soluções informais. A Faixa 4 traz um respiro e deve acelerar a produção habitacional voltada à classe média.”
Bastos também aponta que construtoras que já vinham adaptando seus projetos ao MCMV devem acelerar lançamentos nos próximos meses.
Estratégia política
A criação da Faixa 4 é mais um movimento do governo em direção à classe média, tradicionalmente mais crítica em períodos eleitorais. Recentemente, o presidente Lula também anunciou a intenção de ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda, de R$ 2.824 para R$ 5 mil, a partir de 2026 — medida que poderá beneficiar cerca de 10 milhões de brasileiros.
Especialistas avaliam que, embora tecnicamente viável, o pacote de ações tem forte carga simbólica e eleitoral, mirando as eleições presidenciais de 2026.
Por Nicolas Uchoa