O Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC), em parceria com o Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo lançou no dia 17 de agosto, a pesquisa “A Presença Negra no Cariri Cearense”. A iniciativa busca contribuir para a difusão da memória coletiva sobre a presença negra na região do Cariri, destacando a importância das africanidades e afrodescendências na construção e desenvolvimento local.
Curta, siga e se inscreva nas nossas redes sociais:
Facebook | X | Instagram | YouTube | Bluesky
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Entre no canal do Revista Cariri no Telegram e veja as principais notícias do dia.
Atuando no Cariri há mais de 20 anos, o Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) se dedica à luta por equidade étnico-racial na região. Com um trabalho voltado para quilombos, comunidades negras rurais e periferias, busca promover políticas públicas que melhorem as condições de vida, moradia e dignidade dessas populações. Em reconhecimento ao seu impacto, desde agosto de 2023, é oficialmente reconhecido como um Ponto de Cultura do Ceará.
Junto às suas ações de base, o GRUNEC se destaca na realização de atividades formativas, marchas e atos públicos que denunciam o racismo e a violência, sempre promovendo o conceito do bem viver. Sua atuação vai além do campo étnico-racial, colaborando ativamente com outros movimentos sociais da região, incluindo sindicatos, movimentos feministas, estudantis e LGBTTQIA+. Essa articulação visa interseccionalizar as discussões sobre desigualdades sociais e fortalecer a luta contra todas as formas de opressão.
A pesquisa “A Presença Negra no Cariri Cearense” surge como resposta à relutância em aceitar como oficial uma narrativa que reconhece a relevância da cultura negra na região, iniciando um movimento de recuperação da história e dos patrimônios da cultura negra caririense. Segundo o GRUNEC, o movimento negro local tem sido protagonista nesse processo, contrastando com uma historiografia marcada por narrativas eurocêntricas que apagaram e invisibilizaram a contribuição afrodescendente para a identidade caririense.
A cerimônia de lançamento contou com o “II Ciclo Formativo de Miolagem – A Presença Negra no Ceará: para além da escravidão, abolição e invisibilidade”, com a participação dos professores Hilário Ferreira e Diego Santos.
A miolagem, que dá nome ao Ciclo, é uma tecnologia social adotada pelo GRUNEC. Verônica Neuma das Neves Carvalho, Educadora e Co-fundadora do Grupo de Valorização Negra do Cariri, explica que: “Miolagem não é nada mais do que o jeito de fazer, a gente exercita dentro do movimento negro o nosso jeito de fazer que é nosso. Eu acho que todo mundo que é Nordestino conhece essa máxima que é conversar miolo de pote. Então, conversar miolo de pote é conversar sobre a vida, de povo preto, de povo que resiste nessa Chapada Nacional do Araripe, que resiste nesse Bioma Caatinga, que resiste nesse Semiárido Brasileiro”.
A metodologia do projeto envolve uma pesquisa de caráter qualitativo, com levantamento bibliográfico, iconográfico e documental em acervos locais, como a Cúria Diocesana e o Centro de Documentação do Cariri (CEDOCC) da Universidade Regional do Cariri (URCA). É conduzida pelas membras do GRUNEC, tendo como tutora Ana Paula dos Santos, professora e membra do GRUNEC e Maria Raiane Félix Bezerra, bolsista e membra do GRUNEC.
Para a pesquisa, a análise dos dados será realizada a partir de uma perspectiva afrorreferenciada, visando contextualizar criticamente as tensões raciais na história do Cariri e destacar a influência afrodescendente através do estudo do desenvolvimento da cultura regional. O projeto também prevê a elaboração de um inventário de fontes históricas sobre a presença negra no Cariri, além de visitas a museus, territórios e outros espaços significativos para a cultura afro-caririense.
Todo o processo será implementado, acompanhado e avaliado pela equipe e parceiros. Como parte da iniciativa, serão realizados Ciclos Formativos de Miolagem abertos ao público, durante os meses de setembro e outubro. O “IV Ciclo Formativo de Miolagem” acontece no dia 05, às 14h, na Sala de Formação 02, com o tema “Os conhecimentos técnicos e tecnológicos nos engenhos de cana-de-açúcar do Cariri cearense”, apresentado pelo professor Rafael Ferreira da Silva. Já o “V Ciclo Formativo de Miolagem”, intitulado “Africanidades Caririenses”, será realizado no dia 12, às 14h, na Sala de Formação 02, com a presença da Profª. Cícera Nunes e Maria Natalha de Lima Grande.
Em outubro, estão programados o VI e o VII Ciclos Formativos de Miolagem: o VI Ciclo será no dia 3, às 14h, na Sala de Formação 02, com a palestra “Terreirizando a memória ancestral cratense a partir de narrativas umbandistas”, ministrada pelo Prof. Samuel Morais Silva e Pai Francisco de Xangô. O “VII Ciclo Formativo de Miolagem” está agendado para o dia 10, também às 14h, no mesmo local, com os professores Thiago Florência e Carlos Dias.
Programação
Pesquisa – IV Ciclo Formativo de Miolagem
Palestra: Os conhecimentos técnicos e tecnológicos nos engenhos de cana-de-açúcar do Cariri cearense”, com o Prof. Rafael Ferreira da Silva.
Data: 05 de setembro
Horário: 14h
Local: Sala de Formação 02
Classificação indicativa: Livre
Aberto ao público
Pesquisa – V Ciclo Formativo de Miolagem
Palestra: Africanidades Caririenses com Profª.Drª Cícera Nunes e Maria Natalha de Lima Grande
Data:12 de setembro
Horário: 14h
Local: Sala de Formação 02
Classificação indicativa: Livre
Aberto ao público
Pesquisa – VI Ciclo Formativo de Miolagem
Palestra: Terreirizando a memória ancestral cratense a partir de narrativas umbandistas com Prof. Samuel Morais Silva e Pai Francisco de Xangô
Data: 03 de outubro
Horário: 14h
Local: Sala de Formação 02
Classificação indicativa: Livre
Aberto ao público
Serviço:
Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo
Av. Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes, 1
Bairro: Gizélia Pinheiro (Batateiras)
Crato – CE