Na língua do povo Kariri, “Unaé” representa “sonhar”. Carregada de ancestralidade, esta palavra permite imaginarmos um futuro diverso no horizonte. A partir desta riqueza de sentidos, o Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo realiza o “Festival Unaé – Sonhar o Cariri”.
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De 26 a 29 de outubro, 76 atrações entregam mais de 60 horas de programação. Artistas cearenses e de outros pontos do País se reúnem no caldeirão de múltiplas linguagens da região sul do Ceará.
Shows musicais, espetáculos, exposições, performances, batalhas de rimas e cultura popular conectam contemporâneo e tradição. A arte sonora de Don L, Luedji Luna e Liniker ecoa durante os quatro dias de evento. Na quinta-feira (26), a compositora paraibana Cátia de França comemora 50 anos de carreira e traz ao palco o coco de roda mesclado ao rock psicodélico.
Teatro, circo e dança marcam presença, dentre outras participações, com as montagens “Poeira” (Grupo Ninho de Teatro) “Iracema” (Rosa Primo), “Touro Bull” (Cia. Vatá) e “Laborioso Contato: Um palhaço anuncia o fim do mundo” (Trupe Motim de Teatro).
Ainda no território da música, o público confere as apresentações de Kaê Guajajara, Erivan Produtos do Morro, Francisco El Hombre e referências da cena local caririense como João do Crato, Abidoral Jamacaru e Pachelly Jamacaru.
Para o diretor geral do Festival Unaé, Américo Córdula, a iniciativa é um convite para pensar o Cariri em diálogo com outras expressões do Nordeste e do Brasil. “A programação pretende difundir a diversidade do nosso território e promover esse encontro geracional, ancestral, tradicional e contemporâneo”, contextualiza.
Do Toré ao videomapping
Na quinta-feira (26), o Toré do Povo Kariri de Poço Dantas comanda a abertura do Festival Unaé. Em cena, a história e a identidade de cerca de 150 famílias que vivem da agricultura de subsistência, preservando saberes e culturas também por suas mezinheiras, benzedeiras e parteiras.
“O toré faz parte da nossa espiritualidade. Todas as nossas ações no território iniciam com o toré, pedindo força para a gente se manter na nossa luta, na nossa resistência”, conta a líder indígena Vanda Cariri.
A exposição “HãHãw: Arte indígena antirracista” ressoa as vozes de 21 artistas indígenas de diferentes etnias e contextos do Brasil, entre elas as caririenses Barbara Matias Kariri e Vivi Kariri.
“Hãhãw apresentará o panorama mais atual sobre as artes indígenas no circuito da arte brasileira, a partir de uma temática ainda pouco abordada, o racismo sobre os povos originários. Não é só uma exposição com produções indígenas, é uma exposição de protagonismo e autoria indígena”, declara o curador Ziel Karapotó.
O Afoxé Filhos do Caçador, Caravana Cultural e Maracatu Uinu Erê realizam Cortejo Afro na sexta-feira (27). Ainda na mesma data (das 9h às 10h), Bete Gomes participa da contação de histórias “Lendas Africanas”.
No sábado (28), Don L e Dextape levam, juntos, o rap ao palco. O encontro evidencia o universo de oralidades presentes no festival, que conta ainda com a Batalha do Cristo, Slam das Minas Kariri e Nego Gallo.
A curadoria das atrações permite ao público o passeio pelas muitas facetas do Cariri. Do cordel à dança, do repente ao slam, da zabumba à batida eletrônica. No processo de abraçar as inúmeras leituras e possibilidades artísticas da atualidade, a fachada do Centro Cultural do Cariri recebe a projeção do Video Mapping idealizado por Valentino Kmeett e Fluxo Marginal.
“Acreditamos que o Centro Cultural é um instrumento para você poder fazer isto: alargar as fronteiras que você naturalmente encontra como limite do fazer, do criar, do conviver”, define a diretora do Centro Cultural do Cariri, Rosely Nakagawa.
Inclusão pela arte
Diretamente do Palco Mestre Azul, os multiartistas Leo Castilho e Erika Mota vão traduzir em libras e realizar a interpretação musical dos shows de Liniker, Luedji Luna, Cátia de França e Don L.
Além dos concertos musicais com tradutores de libras e performances, o festival contará com assistentes para dar suporte ao público com deficiência, intérpretes em quase toda a programação e visitas guiadas acessíveis às exposições.
A estrutura ainda conta com camarote de acessibilidade, espaço com rampa, cadeiras, banheiro, assistentes e guarda corpo para dar segurança a pessoas com deficiência.
“É um espaço de inclusão e implementação de políticas públicas”, acrescenta a coordenadora de acessibilidade, Jéssika Kariri. “Trazer a acessibilidade como um ponto central para o festival é também um fortalecimento da política do direito das pessoas com deficiência”, completa.
Serviço:
O quê: “Festival Unaé – Sonhar o Cariri”
Quando: De 26 a 29 de Outubro. Entrada gratuita com opção de entrada solidária com doação de um quilo de alimento. Programação sujeita a lotação
Local: Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo. Av. Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes, 1, Gizélia Pinheiro (Batateiras), Crato