O brasileiro Fernando Meirelles, diretor do longa da Netflix “Dois Papas” – indicado ao Globo de Ouro e um dos principais cotados para o Oscar, falou em entrevista à revista The Hollywood Reporter sobre a situação do cinema brasileiro na era Bolsonaro.
Perguntado pelo editor-executivo da publicação, Stephen Galloway, sobre o ambiente reacionário politicamente no Brasil, o cineasta afirmou que “é um momento difícil” para o cinema nacional.
“[O presidente Jair Bolsonaro] está destruindo tudo o que nós construímos. Nos anos 90, antes de filmar “Cidade de Deus“, nós estávamos produzindo nove filmes por ano. Em 2018, foram 150”, afirmou. “Mas agora ele está bloqueando tudo. Tem sido difícil”.
Com seu novo longa indicado em quatro categorias no Globo de Ouro, Meirelles é um dos seis cineastas que compôs a mesa de diretores deste ano da revista The Hollywood Reporter. Ele estava com Noah Baumbach (“História de um Casamento“), Todd Phillips (“Coringa“), Lulu Wang (“A Despedida“), Martin Scorsese (“O Irlandês“) e Greta Gerwig (“Adoráveis Mulheres“).
“Dois Papas” foi indicado ao Globo de Ouro nas categorias filme de drama, ator em filme de drama, ator coadjuvante em filme e roteiro para filme.
Outsider
O diretor falou também sobre como é fazer filmes fora do sistema de Hollywood, onde os outros diretores estão inseridos. Ele também negou a possibilidade de sair do Brasil para trabalhar.
“Para mim, é mais fácil. Estou encontrando produtores muito bons. Sou muito independente em tudo que quero fazer, sem precisar fazer as pessoas gostarem de mim porque eu eu não dependo de estúdios”, disse. “É a parte boa de ser um outsider. E querer ser um”.
“Tenho raízes muito profundas no Brasil e eu gosto de dirigir em português. Entendo inglês, mas não sinto em inglês, sabe? Se vocês falam “mango tree” em inglês, é apenas uma árvore. Em português “mangueira” tem muito significado”, conclui.
Fonte: O Povo