No camarim do Cineteatro São Luiz, em meio à agenda de viagens para o pré-lançamento de seu filme “Marighella”, Wagner Moura se senta para conversar sobre suas opiniões acerca do cenário sociopolítico brasileiro e do lançamento do longa-metragem que marca sua estreia como diretor de cinema. Entre algumas entrevistas, fala com jovens cearenses que foram ao evento porque se identificam com a trajetória de resistência do protagonista da história: Carlos Marighella, um dos principais político e guerrilheiros contra a ditadura militar (1964 – 1985). Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto do Ceará (MTST), por exemplo, são alguns que visitaram.
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A obra audiovisual, atrasada por quase dois anos devido aos imbróglios com a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e à pandemia do coronavírus, está sendo lançada dois anos depois da data original. O conteúdo estará nos cinemas do Brasil a partir da próxima quinta-feira, 4 de novembro, dia em que marca o assassinato de Carlos Marighella durante uma emboscada por agentes do Departamento de Ordem e Política Social (Dops), em 1969.
Na narrativa, o político é vivido por Seu Jorge. Ainda estão no elenco: Bella Camero, Bruno Gagliasso, Humberto Carrão, Adriana Esteves, Luiz Carlos Vasconcelos e Herson Capri. A neta do personagem na vida real, Maria Marighella, também faz participação especial como forma de honrar a memória do avô.
“O Marighella é um personagem politicamente controverso na história do Brasil, mas a vontade de fazer o filme vem da minha admiração com ele, embora, quando assistir, você vai ver que não fiz uma radiografia. Marighella é um personagem complexo, é um ser humano colocado em xeque o tempo todo”, explica Wagner Moura.
Para o diretor, é possível traçar similaridades entre a realidade que o Brasil vivia durante a ditadura militar e as questões enfrentadas em 2021. “Esse governo de hoje é um espelho do pior que tivemos como exemplo de governo do país, com tendências autoritárias (…). É um governo que você pensa em tudo de pior que há na história do Brasil”, afirma.
“Nossa história começa com o extermínio de indígenas, com a escravidão dos africanos, com as capitanias hereditárias, com a forma que a terra é distribuída de maneira desigual… E esse é um governo com tendências ditatoriais, que abertamente defende a ditadura militar e o Ustra (ex-chefe do “Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna”, órgão de repressão durante o regime). Ele não é um alienígena, não é um governo alheio à nossa história”, comenta.
A obra audiovisual “Marighella” é baseada na biografia “Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo”, escrita pelo jornalista Mário Magalhães. A narrativa acompanha os últimos anos da vida do guerrilheiro que foi considerado o “inimigo número 1” da ditadura militar. O primeiro pré-lançamento aconteceu em Salvador, cidade em que o político nasceu.
Por Clara Menezes
Fonte: O Povo