Há 14 anos, o assassinato da menina, então com cinco anos, comoveu o Brasil. Em 2022, ela completaria 19 anos. Pensando nisso, Hidreley Leli Dião recriou o rosto da criança, de como ela poderia estar se estivesse viva, assim como fez no início de março, recriando os rostos dos músicos da banda Mamonas Assassinas, no dia em que a morte dos cantores completou 26 anos.
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Em 29 de março de 2008, Isabella Nardoni caiu da janela do 6º andar de um prédio em São Paulo (SP). Ela estava sob os cuidados do pai, Alexandre Nardoni, e da madrasta, Anna Carolina Jatobá.
Após investigações, a polícia concluiu que a menina foi agredida pela madrasta antes de ser jogada pelo pai pela janela. Os dois foram condenados pela morte da garota em março de 2010. Alexandre foi condenado a 31 anos, um mês e dez dias de prisão. Já Anna Carolina pegou 26 anos e oito meses, ambos em regime fechado.
Outras crianças mortas
Além de homenagear Isabella, Hidreley recriou o rosto de outras cinco crianças que foram mortas, em crimes que também chocaram o país. Segundo o artista informou ao g1, a criação também serve como forma de conscientizar a população sobre os crimes que assolam o país.
Bernardo Boldrini morreu com 11 anos e estaria com 19, em 2022. Bernardo foi visto vivo pela última vez no dia 4 de abril de 2014, em Três Passos (RS). O menino foi dado como desaparecido. O pai procurou a polícia para registrar o sumiço do filho no dia 6 de abril, um domingo. O corpo dele foi encontrado no dia 14 de abril, enrolado em um saco plástico e enterrado em uma cova rasa. A Polícia Civil concluiu que o menino foi morto com uma superdosagem do sedativo Midazolan, dado a ele pela madrasta.
João Hélio Fernandes Vieite morreu com 6 anos durante um assalto, quando a mãe parou em um sinal de trânsito da rua João Vicente, zona norte do Rio de Janeiro. Ana Rosa e outra filha, Aline, de 13 anos, conseguiram sair do carro. Ao tentar tirar o cinto de segurança do filho, Rosa foi surpreendida pela frieza dos bandidos que arrancaram o carro com João Hélio pendurado. O menino foi arrastado por sete quilômetros em um trajeto que durou quase 10 minutos. Em 2022, ele faria 20 anos.
Ives Yoshiaki Ota morreu com 8 anos durante um sequestro na Zona Leste de São Paulo, em 1997. O garoto estaria com 32 anos, em 2022.
Ana Lídia Braga morreu com 7 anos, em 1973, em Brasília, e estaria com 56, em 2022. A menina desapareceu depois de ser deixada na porta da escola. Um suspeito chegou a pedir 2 milhões de Cruzeiros para libertar a criança. Mas Ana Lídia foi encontrada em um matagal morta e com sinais de violência sexual.
“Muitos aqui talvez nem se lembrem mais desses crimes, as pessoas esquecem, os criminosos cumprem as penas e estão livres para viverem socialmente”, escreveu Hidreley em sua postagem no Instagram.
Segundo dados mais recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Unicef, divulgados em outubro de 2021, 35 mil crianças e adolescentes foram assassinados no Brasil, uma média de 7 mil por ano, entre 2016 a 2020. O número de crianças de até 4 anos mortas aumentou 27% em 2020.
• 35 mil crianças e adolescentes foram assassinadas no Brasil entre 2016 e 2020
• 7 mil crianças são mortas em média por ano no país
• Número de crianças até 4 anos mortas aumentou 27% em 2020
• Meninos negros são a maioria das vítimas em todas as faixas etárias
Leandro e João Paulo
Hidreley também recriou os rostos dos cantores sertanejos Leandro e João Paulo para mostrar como estariam hoje, aos 60 e 61 anos, respectivamente. A homenagem aos cantores foi postada no dia 20 de março em seu Instagram, que já conta com mais de 6.790 curtidas.
Leandro, que fazia dupla com o irmão Leonardo, morreu em 1998, aos 36 anos, em decorrência de um câncer. Já João Paulo fez sucesso com Daniel. Ele morreu um ano antes, em 1997, aos 37 anos, em um acidente de carro.
“No auge do sucesso em suas duplas sertanejas, esses dois cantores partiram, nos deixando muitas saudades”, diz na postagem que recebeu mais de 5,3 mil curtidas e quase 200 comentários em menos de 24 horas.
Ayrton Senna
Em 21 de março, Hidreley aproveitou a data para relembrar também o aniversário de 62 anos do piloto brasileiro de Fórmula 1 Ayrton Senna, conhecido mundialmente por vencer a categoria três vezes, em 1988, 1990 e 1991.
Na postagem, o empresário utilizou da técnica para imaginar como Senna seria se ainda estivesse vivo. Hidreley ainda lembrou na legenda sobre o dia em que o piloto morreu, após tentar fazer uma curva e bater contra um muro no Grande Prêmio de San Marino, em Imola, na Itália, no dia 1º de maio de 1994.
Reconhecimento do trabalho
No último dia 9 de março, Hidreley se encontrou virtualmente com parentes do cantor Dinho e do guitarrista Bento, do grupo Mamonas Assassinas. O encontro aconteceu depois da homenagem que o artista fez no dia em que a morte dos músicos em um acidente de avião completou 26 anos.
Segundo Hidreley, o convite para conhecer os parentes por meio do bate-papo online veio de uma jornalista do Espírito Santo. O encontro com os parentes do grupo serviu para lembrar que o trabalho que criou atingiu os objetivos. Segundo ele, a sensação que mais prevaleceu, tanto como fã quanto como artista, foi a de dever cumprido.
Vida aos desenhos
No mês passado, o g1 conversou com Hidreley pela primeira vez sobre seu trabalho. Utilizando softwares e inteligência artificial, o jornalista e empresário “dá vida” a personagens famosos de desenhos animados.
O artista também é colaborador de uma revista digital há quase cinco anos. Por isso, a rotina dele é voltada a descobrir novas narrativas e relatá-las aos leitores.
Entre essas histórias, está a de artistas que descobriram na inteligência artificial uma forma de trazer um “novo olhar” para pinturas antigas e estátuas, com traços realistas. Com o trabalho desses criadores, Hidreley diz que desenvolveu sua técnica de criação.
“Comecei a estudar a inteligência artificial, fiz pesquisas e tive a ideia de fazer algo diferente: fazer as estátuas e pinturas antigas, mas como se eles vivessem nos dias de hoje, como se você pudesse se encontrar com eles no supermercado. Esse é o meu projeto. Olhar para essas caricaturas e imaginá-las em ‘carne e osso'”, explica.
Hidreley diz que conseguiu absorver e entender o processo de criação em seis meses e revela que usa em seu “esquema próprio” de criação quatro aplicativos, entre eles o Photoshop e aplicativos no celular.
“Me desafiei a fazer algo que outros artistas estavam fazendo, mas da minha forma. Peguei o jeito de um aplicativo, de outro e deu certo”, relembra.
Fonte: g1