Além do Governo do Estado, prefeituras cearenses atuam em outras frentes para tentar adquirir vacinas contra a Covid-19 em meio a alta de casos no Ceará. O presidente da Associação dos Municípios do Estado (Aprece), Júnior Castro (PDT), estará em Brasília para tratar da possibilidade de compra da vacina russa Sputnik V, na próxima terça-feira (2), mesmo dia em que o governador Camilo Santana (PT) terá reunião com representantes do imunizante no Brasil. Enquanto isso, prefeitos da região do Maciço de Baturité, no Ceará, e outras prefeituras do País, incluindo a de Fortaleza, se unem em associações e consórcios na corrida por vacinas.
O presidente da Aprece, prefeito de Chorozinho, Júnior Castro (PDT), disse que agendou viagem a Brasília para reuniões com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e com representantes da vacina russa Sputnik V. O objetivo, segundo ele, é colher informações sobre a possibilidade de adquirir o imunizante e não comprá-lo, pelo menos ainda.
“Está todo mundo tentando fazer essa aquisição, mas tudo é suposição, existe ainda o processo de aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O momento é de cautela para a gente não levar essa ansiedade de que a vacina vai chegar e fazer nossa população ficar frustrada. Estamos tentando fazer isso (compra) de forma combinada com o Governo do Estado e vendo se a gente casa a ida junto com a do governador para somar esforços para o Estado”.
No último sábado (27), o governador Camilo Santana (PT) informou que visitará, na próxima terça, o laboratório que representa a vacina russa Sputnik V, em Brasília, para tentar a aquisição direta do imunizante. Enquanto isso, prefeitos que integram a Associação dos Municípios do Maciço de Baturité (AMAB) enviaram uma carta de intenções para o escritório representante da vacina russa para a compra coletiva de 300 mil doses.
Maciço de Baturité
O presidente da associação, prefeito de Redenção, Davi Benevides (PDT), disse que as negociações começaram no fim de dezembro.
A entidade engloba 15 municípios da região de Baturité: Acarape, Aracoiaba, Aratuba, Barreira, Baturité, Capistrano, Caridade, Guaiúba, Guraramiranga, Itapiúna, Mulungu, Ocara, Pacoti, Palmácia e Redenção, que somam mais de 230 mil habitantes.
“Estamos no início da negociação. Já enviamos nossa carta de intenções para aquisição de 300 mil doses e estamos aguardando os maiores detalhes. Somos a primeira região do Ceará a se agrupar para adquirir as vacinas, porém outros municípios do Estado já tiveram a mesma movimentação que nós”, afirmou Davi Benevides.
Recursos
O prefeito de Redenção afirmou não saber o valor exato da remessa, uma vez que o produto é vendido em dólar. Questionado sobre as condições financeiras das prefeituras para a compra da vacina, em um momento de crise fiscal, o presidente da AMAB disse que os recursos virão de cada município e que as prefeituras buscarão verba junto a todos os entes federativos para efetuar o pagamento.
A prefeita de Guaramiranga, Roberlândia Ferreira (PDT), defende a iniciativa em um momento de incertezas do Plano Nacional de Imunização. Segundo ela, os gestores municipais também vão buscar verbas junto às bancadas federal e estadual para a aquisição das vacinas. “A ideia é contar com os deputados estaduais e federais que atuam na nossa região para que possam nos ajudar nessa demanda”.
Diante da dificuldade no caixa das prefeituras, o presidente da Aprece, Júnior Castro, reforçou que todo movimento precisa estar alinhado com o Governo do Estado. “Para as nossas ações não gerarem desigualdades, para que a gente possa fazer de forma ordenada e sob controle da Secretaria de Saúde. Não adianta nada um município vacinar a sua população, se o seu entorno não estiver vacinado”.
Consórcio
Em âmbito nacional, gestões municipais também estão se unindo na corrida pela vacina. Mais de 100 prefeituras de todo o País, incluindo a de Fortaleza, devem participar de uma reunião virtual, nesta segunda-feira (1º), às 16h, liderada pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) sobre a formação de um consórcio para a compra de vacinas contra a Covid-19.
O prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), disse, neste domingo (28), que conversou com o presidente da FNP, Jonas Donizette, sobre o consórcio e reforçou que não medirá esforços para garantir a imunização à população fortalezense.
“Fortaleza está nessa luta junto com outras capitais do Brasil e pode ter certeza que naquilo que depender de nós, vamos conseguir. A vacinação da nossa gente é prioridade da Prefeitura de Fortaleza e nossas equipes de saúde têm feito todo o esforço para cumprir o Plano de Imunização”, afirmou Sarto.
O secretário-executivo da FNP, Gilberto Perre, destacou que as movimentações dos gestores públicos ganharam força após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) do último dia 23 de fevereiro, que autorizou estados e municípios a adquirirem vacinas quando houver descumprimento do Plano Nacional de Imunização pelo Governo Federal ou em caso de insuficiência de doses previstas para imunizar a população.
Segundo Perre, a reunião desta segunda da FNP com os prefeitos será para apresentar a proposta de consórcio e dar um prazo até a próxima sexta-feira (5) para eles manifestarem o interesse formal de integrar. A partir desta lista, será construído um protocolo de intenções que se transformará em projeto de lei para ser aprovado em cada câmara municipal, autorizando o município a se associar ao consórcio.
“A grande vantagem do consórcio é que vai se juntar demandas de vários municípios em uma demanda só, fazendo uma compra maior com preço menor. Neste caso, não é uma compra trivial, o mercado no mundo todo está comprando. Há mais demanda que oferta de vacina, por isso é prudente essa medida de tentar centralizar essas compras”, defende o secretário-executivo da FNP.
Gilberto Perre diz que ainda não existem vacinas sendo negociadas pela FNP para o consórcio, mas que a entidade vai iniciar articulações com prefeituras que estão à frente nos processos de aquisição de vacinas. “Vamos articular com as prefeituras de capitais que estiverem na linha de frente para fazer uma avaliação cuidadosa se devemos apostar na vacina A ou B”.
Por Letícia Lima
Fonte: Diário do Nordeste