O número de novas internações ocasionadas pelo coronavírus tem sofrido diminuição no Ceará há 27 dias – equivalente ao período de 12 de abril a 9 de maio de 2021 -, referente às semanas epidemiológicas 15 a 18. O número foi de 3.038 para 2.888 e, posteriormente, para 2.779 e finalmente, para 2.631. As informações são do IntegraSUS, portal de transparência da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
De acordo com o médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Roberto da Justa, essa redução tem sido um resultado do lockdown, imposto pelo Governo do Estado desde o dia 13 de março na Região. Em Fortaleza, a ação entrou em vigor no dia 5 de março.
“Nós temos tido uma diminuição lenta e gradual do número de casos e de internamentos, nas últimas semanas, por conta das medidas de isolamento restrito que foram implementadas para assegurar um melhor enfrentamento da segunda onda da pandemia no Estado”, relata o infectologista.
Roberto acredita que a redução nas novas internações pode ter sido impactada também pela Campanha de Vacinação contra a Covid-19, mas não atribui o procedimento como um dos principais motivos para o decréscimo, visto que “nós estamos muito lentos nesse processo ainda”.
Além disso, segundo a médica clínica e especialista em Saúde da Família pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Taís Matos, os atendimentos para casos decorrentes da Sars-Cov-2 também têm apresentado redução significativa na Unidade de Saúde Familiar Luiz de Queiroz Uchoa, onde atua na linha de frente.
“Essa semana praticamente não atendi pacientes com coronavírus, os que têm aparecido ultimamente são casos leves e em pessoas jovens, com vida ativa. No entanto, ainda temos que tomar muito cuidado porque, com a flexibilização do lockdown, pode ser que venham a aumentar”, comenta Taís.
Terceira onda é iminente
O professor da UFC Roberto da Justa explica que o cenário pandêmico do Estado só tende a melhorar, de fato, quando estiver ocorrendo imunização em massa da população. Caso isso não aconteça, ele declara que os riscos em torno de uma terceira onda de casos é iminente.
“Eu não sou muito otimista, acho que nós temos um recuo momentâneo dos casos, internamentos e óbitos e, se a vacinação não avançar, certamente nós teremos uma terceira onda nos próximos meses, talvez com uma nova variante, que pode ser inclusive mais virulenta e mais letal”, reflete.
O infectologista esclarece ainda que as vacinas disponíveis no Brasil atuam, até o momento, nas variantes do vírus em circulação, com “raras exceções” no comprometimento da efetividade dos imunizantes.
“Nós somos o País com a maior capacidade de vacinação instalada no mundo, sendo capazes de vacinar cinco milhões de pessoas por dia e, infelizmente, não temos vacinas.”
Roberto da Justa, médico infectologista e professor da UFC
Conforme pontua Roberto, as medidas de prevenção ao coronavírus continuam sendo extremamente necessárias, sendo importante evitar ambientes fechados e aglomerações, usar máscaras de forma sistemática e manter uma boa higienização das mãos e superfícies. “Isso é fundamental para diminuir a circulação do vírus”.
Fonte: Diário do Nordeste