O avanço da vacinação contra a Covid-19 no Ceará tem refletido positivamente nos indicadores do risco de transmissão para a doença. Pela terceira semana seguida, o Estado apresentou melhora nos níveis de alerta da pandemia. As informações estão na plataforma de dados IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
No comparativo entre intervalos dos dias 27 de junho e 10 de julho – período que compreende as semanas epidemiológicas 26 e 27 – e os dias 20 de junho a 3 de julho – semanas 25 e 26 – o número de cidades com risco ‘altíssimo’ para transmissão do vírus caiu de 121 para 112.
Já para as cidades em alerta de risco ‘alto’, o número passou de 41 para 51. Para o risco moderado (nível 2), no número quase que dobrou, passando de 11 para 21. Ambos fatores corroboram a melhora no cenário. Os números são da plataforma IntegraSus, da Secretaria da Saúde (Sesa) do Ceará.
Contudo, ainda não há nenhum município no nível de alerta 1, também chamado de ‘novo normal’. Ainda assim, o atual cenário cearense é o melhor já registrado pela Sesa há quatro meses.
Nas semanas epidemiológicas 8 e 9, intervalo correspondido aos dias 21 de fevereiro a 6 de março, eram 101 municípios no nível 4 de transmissão, menor número de cidades em alerta máximo desde então.
Apesar da melhora, o alerta ainda reside nos indicadores que ajudam a monitorar a evolução da pandemia no Ceará. Três deles apresentam tendência crescente.
Cidades no risco 2, moderado: Acarape, Aquiraz, Arneiroz, Camocim, Caridade, Coreaú, Frecheirinha, General Sampaio, Granja, Groaíras, Guaraciaba do Norte, Guaramiranga, Irauçuba, Itarema, Itatira, Marco, Monsenhor Tabosa, Palhano, Pereiro, Santana do Acaraú e Santa Quitéria
Cidades no risco 3, alto: Viçosa do Ceará, Abaiara, Acaraú, Aiuaba, Alcântaras, Alto Santo, Apuiarés, Assaré, Barroquinha, Baturité, Bela Cruz, Brejo Santo, Cariré, Cariús, Cascavel, Eusébio, Farias Brito, Fortim, Graça, Granjeiro, Hidrolândia, Independência, Ipaporanga, Ipueiras, Itapipoca, Jardim, Jati, Madalena, Maracanaú, Martinópole, Massapê, Meruoca, Milagres, Morada Nova, Moraújo, Mucambo, Novo Oriente, Paramoti, Penaforte, Pindoretama, Pires Ferreira, Potengi, Quixelô, Quixeré, Redenção, São Luís do Curu, Senador Sá, Tauá, Uruburetama, Varjota e Várzea Alegre.
Apesar da melhora, indicadores inspiram atenção
Para identificar o risco de transmissão em cada uma das 184 cidades cearenses, a Sesa traça métricas pautadas em 5 indicadores:
• incidência de casos por dia/100 mil habitantes;
• internações;
• percentual de leitos UTI-Covid ocupados;
• taxa de letalidade e taxa de positividade.
Destes, apenas as internações e taxa de letalidade apresentam tendência de queda.
Esse panorama indica que, caso os demais indicadores não entrem para tendência decrescente, as próximas semanas epidemiológicas podem apresentar maior número de cidades no risco alto ou altíssimo para transmissão.
A infectologista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Mônica Façanha, alertou que a pandemia só será contida com o avanço progressivo da imunização.
Ela indica que a criação da barreira de transmissão só se dará quando mais de 80% da população estiver completamente vacinada – isto é, duas doses ou dose única, para o caso do imunobiológico da Janssens.
Em paralelo ao processo de imunização, Façanha alerta para a importância das medidas não farmacológicas. “Uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social, mesmo para aqueles já imunizados”, pontua a especialista.
Importância da manutenção dos indicadores
A incidência de casos por dia/100 mil habitantes está em 96,7 e com tendência crescente. O mesmo acontece com o percentual de ocupação dos leitos, cujo índice é de 67%. A taxa de positividade (26,6%) é outro indicador com tendência de alta.
Essa tendência, contudo, não representa que necessariamente esses três indicadores terão agravamento na próxima semana epidemiológica.
Nas últimas semanas o trio vem de sucessivas reduções. No caso da incidência diária, a queda é identificada desde a semana 19, quando o índice era de 359,3.
Já para o percentual de ocupação, o indicador está declinando desde a semana 23. À época, o percentual era de 83%. Por fim, a taxa de positividade apresenta redução desde a semana 25, quando o indicador era de 33,3%. A próxima análise epidemiológica será divulgada, pela Sesa, ao fim desta semana.
Saiba quais são as classificações de risco
• ALTÍSSIMO OU NÍVEL 4
Taxa de ocupação dos leitos maior que 95%; taxa de letalidade maior que 3%; percentual de positividade de testes para diagnóstico de Covid-19 maior que 75%.
• ALTO OU NÍVEL 3
Taxa de ocupação dos leitos entre 80,1% e 95%; taxa de letalidade entre 2% e 3%; percentual de positividade de testes para diagnóstico de Covid-19 entre 50% e 75%.
• MODERADO OU NÍVEL 2
Taxa de ocupação dos leitos entre 70% e 80%; taxa de letalidade entre 1% e 2%; percentual de positividade de testes para diagnóstico de Covid-19 entre 25% e 49,9%.
• NOVO NORMAL OU NÍVEL 1
Taxa de ocupação dos leitos menor que 70%; taxa de letalidade menor que 160; percentual de positividade de testes para diagnóstico de Covid-19 menor que 25%.
Por André Costa
Fonte: Diário do Nordeste