Os casos de infecção pelo vírus Sars-Cov-2 voltaram a crescer no Ceará. Conforme levantamento realizado com dados da plataforma IntegraSus, a Covid-19 vem avançando mês a mês. De fevereiro em diante, os casos iniciaram uma projeção de crescimento e, a taxa de incidência da doença, igualmente subiu, tendo Guaramiranga ultrapassado a marca de 200 casos por 100 mil habitantes – a mais alta do Estado.
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A cidade serrana não é a única que apresenta, atualmente, incidência em alta. Entre 15 de maio a 15 de junho, cinco municípios apresentam taxa acima do 130 por 100 mil habitantes.
Logo atrás de Guaramiranga, está a cidade de Santa Quitéria, com taxa de 155,6. O município de Barbalha, no Sul do Estado, figura na terceira colocação das mais altas taxas, com 149 por 100 mil habitantes.
Quixeré, possui taxa de incidência em 140 e, Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), fecha o Top-5, com taxa de 130,6 para cada 100 mil habitantes.
A taxa de incidência é importante para estimar o risco de ocorrência de casos de Covid-19 na população desses municípios. O cálculo leva em conta o número de casos confirmados, dividido pelo número de habitantes e multiplicado por 100 mil.
O secretário de Saúde de Eusébio, Josete Malheiro, diz que a crescente no indicador ‘reflete a estratégia diferenciada e acertada que passamos a utilizar a partir do início de maio de 2022 em relação ao método de testagem, quando passamos a utilizar o teste rápido antígeno, rastreando casos sintomáticos”.
O gestor considera ainda que a busca ativa e a aplicação de testagem descentralizada em todas as unidades básicas de saúde, refletiu em uma maior identificação de casos positivos.
Ele, no entanto, reconhece que “o relaxamento do uso de máscaras favorece a transmissão [do vírus]”. Apesar dos casos em alta, o Município registrou uma internação hospitalar “com evolução benigna”, conforme o secretário da saúde do munícipio.
Casos crescentes no Ceará:
• 15 de março a 15 de abril: 1.458 e 67 mortes
• 15 de abril a 15 de maio: 1.557 e 18 mortes
• 15 de maio a 15 de junho: 3.562 e 4 mortes
A secretária de Saúde de Barbalha, Sheyla Martins, explica que o aumento nos casos “deixa [a cidade] em alerta, e reforça a importância de que as pessoas completem o esquema vacinal contra Covid-19”. A titular sugere ainda evitar aglomeração e destaca o uso da máscara e limpeza das mãos, como medidas eficazes contra o vírus.
“Estamos em uma situação de aumento de casos, mas sem uma gravidade de casos e de UTI. E isso é graças as pessoas que estão vacinadas. Por isso, pedimos que a população procure os serviços de saúde e tome sua terceira ou quarta dose para que elas fiquem protegidas.”
Sheyla Martins, secretária de Saúde de Barbalha
A reportagem tentou contato com as cidades de Guaramiranga, Santa Quitéria e Quixeré, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria.
Transmissão em alta
A epidemiologista, virologista e professora da Faculdade de Medicina da UFC, Caroline Gurgel, aponta que, no fim do mês passada, havia “baixíssima transmissibilidade” dos casos, com uma média de apenas 4% das amostras como positivo. “Nas últimas duas semanas, a taxa passou de 12%, mas ainda assim, embora tenha triplicado, é uma quantidade baixa, mas que precisa ser analisada”, destacou Gurgel.
O problema, conforme aponta a especialista, é a presença de duas subvariantes da Ômicron, a BA.1 e BA.2, e uma recombinante entre essas duas, a XE. “Essas novas variantes podem comprometer a eficácia da vacina e, assim, surgir uma quarta onda da pandemia”, alerta.
Para justificar o aumento dos casos, Caroline aponta a descontinuidade do uso de máscaras ou seu uso inequívoco e aleatório – quando não é utilizada pela maioria das pessoas com regularidade em locais fechados, como em transportes públicos.
Cenário de alerta
O Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE) mostra preocupação com o cenário e afirma que acompanha “de perto, junto a Secretaria da Saúde do Estado e às secretarias municipais”, os números de casos acerca da Covid-19.
“Atualmente, analisamos com preocupação a alta de casos que vem apresentando dentro do Ceará, porém, ressaltamos que a taxa de internação de pacientes não é alarmante.”
Cosems
Questionado sobre a adoção de medidas mais restritivas, o Conselho não posicionou, mas destacou que tem orientado “aos municípios e suas populações que continuem com os cuidados sanitários, como uso de máscaras em locais fechados, uso de álcool em gel e distanciamento social evitando aglomeração sempre que possível”.
O secretário de Eusébio, Josete Malheiro, coaduna com o Cosems e adverte que, “o Estado como um todo, vive um novo momento de elevação de casos, o que reflete na recomendação do retorno do uso de máscaras em ambientes internos e externos com aglomerações”.
“A situação epidemiológica preocupa não apenas em relação aos casos de Covid-19, mas também para as outras síndromes respiratórias agudas – refletido no estrangulamento das emergências dos hospitais vivido nestes últimos meses.”
Josete Malheiro e Fares Filho, secretário de Saúde de Eusébio
Quanto a restringir as medidas novamente, o secretário de Saúde de Eusébio declina ao avaliar que “como os casos de Covid-19 tem sido com sintomas leves, isso tem permitido uma reorganização e retomada das demais ações de saúde que precisam ter seguimento”.
Caroline Gurgel considera não ser ainda momento para restringir as medidas sanitárias. Em sua concepção, investir na conscientização das pessoas é o mais importante no momento.
“Temos uma cobertura vacinal de excelência. Então, temos que aprender a conviver com esse vírus que se adaptou muito bem ao ser humano. O Sars-Cov-2 veio para ficar, mas o natural é que ele enfraqueça seu potencial de causar sintomas mais graves”, conclui.
Por André Costa
Fonte: Diário do Nordeste