Enquanto botamos o champagne para gelar, loucos para cantar “adeus, ano velho”, 2020 nos lembra que até o último minuto antes da meia-noite muita coisa pode acontecer: pesquisadores da Dasa acabam de anunciar a chegada da cepa B.1.1.7 do SARS-CoV 2, aquela mesma que foi detectada primeiro na Inglaterra, depois em outros países da Europa e que começa a se espalhar pelo mundo. Ela não deixou o nosso país fora da rota — afinal, com tanta festa lotada rolando, se um vírus tivesse inteligência, diria que ele não poderia perder.
Dasa já comunicou a descoberta ao Instituto Adolfo Lutz e à Vigilância Sanitária. Quando o Reino Unido divulgou essa novíssima variante, que acumula mais mutações do que o que se esperava pelo comportamento do vírus da covid-19 até então, os pesquisadores do laboratório, líder brasileiro em medicina diagnóstica já arregaçaram as mangas sem perder tempo. Logo desconfiaram que a versão do novo coronavírus com oito mutações só na famosa proteína spike, que ele usa como chave para entrar nas nossas células, poderia ter desembarcado no Brasil. E, infelizmente, não deu outra.
Os pesquisadores analisaram 400 amostras de RT-PCR de saliva, método que identifica três alvos distintos e não apenas o gene S, da sempre citada proteína spike. E, em duas delas, encontraram a linhagem B.1.1.7. O virologista José Eduardo Levi, da Dasa, explica por que as alterações na proteína spike preocupam: “Como é usada para o vírus se ligar à célula humana, elas são capazes de torná-lo mais infeccioso”. Em outras palavras, como os cientistas britânicos que notaram pela primeira vez essas mutações desconfiam, isso faria o causador da pandemia ser transmitido com maior facilidade.
Por Lúcia Helena
Fonte: VivaBem/UOL