Nos 8 primeiros dias de janeiro, o Ceará já registrou 4,2 mil novos casos de Covid. A quantidade de ocorrências equivale a 75% das 5,6 mil confirmações da doença no Estado em dezembro de 2021. Os dados foram extraídos do Integrasus, plataforma da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), até as 14h de domingo (9). Essas informações estão em atualização constante, mas já evidenciam um dos grande dilemas do atual momento: a acelerada velocidade de disseminação do vírus.
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Ainda em dezembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) avaliou que a variante ômicron – detectada pela primeira vez em novembro de 2021 -, “se espalha em velocidade sem precedentes”. Na semana passada, representantes da OMS alertaram que a variante “não deve ser subestimada”, pois, tem se tornado predominante em muitos países, aumentando o número de casos, hospitalizações e mortes, principalmente entre não vacinados.
No Brasil, e também no Ceará, o aumento de infecções por Covid vem ocorrendo de forma gradual nos últimos meses. Mas, o crescimento mais expressivo é notado desde dezembro.
No Estado, conforme dados do Integrasus, em novembro foram 4,7 mil novos casos da doença; em dezembro 5,6 mil; e na primeira semana de janeiro o incremento de contaminações, até agora, chegou a 4,2 mil.
Mas, apesar das preocupações relacionadas à alta transmissão da doença, no cenário em que parte considerável da população já está vacinada, o número de óbitos não tem crescido. Desde abril de 2021 há uma queda sucessiva de mortes por Covid no Estado, e a partir de abril, a quantidade de óbitos a cada mês ficou abaixo de 100.
Em dezembro, 60 pessoas morreram em decorrência da doença. Em janeiro, foram contabilizadas, até o momento, 19 mortes devido à Covid.
Manter medidas e intensificá-las
A epidemiologista e doutoranda em Saúde Pública na Universidade Federal do Ceará (UFC), Kellyn de Sousa Cavalcante, explica que “o crescente número de casos de gripe no Ceará e no país em meio à pandemia têm gerado preocupação, principalmente após os múltiplos episódios relacionados ao vírus influenza A do subtipo H3N2”.
Neste período, diz ela, “a população estava se protegendo contra a Covid-19, fazendo uso de máscaras e outras medidas que também protegiam da gripe. O relaxamento recente das medidas de prevenção pode ter proporcionado maior vulnerabilidade”.
A profissional orienta que diante da similaridade da manifestação clínica das doenças, é necessário fazer, com maior brevidade possível, teste para descartar o diagnóstico de infecção pelo coronavírus. “Os testes para influenza são menos disponíveis, mas neste momento epidemiológico pode-se realizar o diagnóstico de gripe após a exclusão de Covid-19”, completa.
Devido à velocidade de transmissão alta, ressalta ela, “as medidas de proteção permanecem as mesmas já orientadas, porém ainda mais intensificadas”. “As doenças são transmitidas por via respiratória e os cuidados preventivos são muito semelhantes. Então, ao se proteger de uma, protege-se da outra. As principais orientações permanecem para ambas as infecções, como: utilizar corretamente a máscara, cobrindo nariz e boca; manter os ambientes ventilados; evitar aglomeração; e realizar isolamento de pessoas sintomáticas”.
“No atual momento, quando se caminha para quase dois anos de pandemia e as variantes introduzem novas dinâmicas e alertas, é importante reforçar que todas as medidas de prevenção já conhecidas, por exemplo, utilização de máscaras, evitar aglomeração, dentre outras, devem ser intensificadas”.
A vacinação, enfatiza, “é outro ponto fundamental”. Kellyn acrescenta que no Ceará foram realizadas medidas, como: elaboração de informes técnicos e plano de contingência estadual atualizado, com orientações aos profissionais da saúde e à população; intensificação das ações de educação em saúde; expansão da testagem para Covid-19; realização de vigilância genômica; além de rastreamento e monitoramento de contatos.
Aumento substancial em Fortaleza
Em Fortaleza, conforme dados do Integrasus, nos 8 primeiros dias do ano, foram confirmadas 1.753 novas contaminações. Em dezembro inteiro, a Capital teve 2,3 mil novas infecções. O total de novos registros na cidade representa 41,2% das ocorrências do Estado nos primeiros dias de janeiro.
Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura na última sexta-feira (7), a curva dos casos confirmados vinha em um platô, mas desde meados de dezembro, cresce.
No documento, a gestão reitera que “houve introdução e há transmissão comunitária da nova variante de preocupação internacional ômicron em Fortaleza. A ômicron tem um número incomum de mutações e alta transmissibilidade, e se tornou a variante dominante no cenário epidemiológico nacional e local. Por essa razão, a incidência da doença deve continuar a ser rigorosamente monitorada”.
Em relação às mortes, desde abril o número está em queda, e conforme a gestão municipal “o atual padrão de mortalidade ainda reflete a estabilidade alcançada com o fim da segunda onda, e aumento da fração da população imunizada”. Mas, o cenário de melhora, “pode ser alterado pela dominância da nova variante ômicron que tem relevante escape vacinal, embora pareça ser menos “agressiva”, do ponto de vista do curso clínico”.
Por Thatiany Nascimento
Fonte: Diário do Nordeste