A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta quinta-feira a CoronaVac para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos de idade. Especialistas ouvidos consideram a vacina produzida pelo Instituto Butantan boa para uso em crianças porque tem menos efeitos adversos, em comparação com os outros imunizantes, e apesar de não estimular uma produção tão grande de anticorpos em adultos, as crianças apresentam um sistema imunológico mais robusto, o que é suficiente para conferir alta proteção a meninos e meninas. Além disso, sua aprovação ajudará a acelerar a imunização da faixa etária de 5 a 11 anos de idade, que enfrenta baixa disponibilidade de doses.
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“A CoronaVac se encaixa bem para crianças porque a criança já tem um sistema imunológico bom e não precisa de tanta ativação quanto o dos adultos, tanto que a maioria dos casos de Covi-19 não acontece em crianças. Além disso, o fato de ela ser menos imunogênica, também significa que ela provoca menos efeitos adversos”, diz o o médico geneticista Salmo Raskin, presidente do Departamento Científico de Genética da Sociedade Brasileira de Pediatria.
O médico lembra que a vacina da Pfizer em crianças gera a mesma resposta imune observada em adultos com um terço da dose, o que já demonstra essa alta capacidade de produção de anticorpos das crianças.
A CoronaVac, vacina produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, é produzida a partir de vírus inativado. O infectologista e pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que essa é uma plataforma consagrada na vacinação.
“Essa plataforma é muito tradicional. Ela já é usada há décadas em diversas vacinas aplicadas rotineiramente como a de coqueluche, polio e hepatite A, por exemplo. E esse acompanhamento de décadas mostra que são vacinas muito seguras”, diz Kfouri.
Acelerar a vacinação
Ambos os especialistas acreditam que a liberação da Anvisa irá ajudar a acelerar a vacinação de crianças de 5 a 11 anos de idade. Até o momento, o único imunizante disponível no país para essa faixa etária era o da Pfizer. Embora a vacina também seja eficaz e segura, ainda há poucas doses disponíveis. A nova aprovação irá aumentar o número de doses e permitirá vacinar um número maior de crianças, em menos tempo.
O Ministério da Saúde prevê receber 4,3 milhões de doses da Pfizer em janeiro, totalizando 20 milhões até março. A quantidade é suficiente para vacinar apenas parcialmente todas as crianças de 5 a 11 anos nos três primeiros meses do ano, já que a vacinação completa depende da aplicação de duas doses. O governo federal estipulou um intervalo de dois meses entre as injeções, isso significa que muitas crianças só terão o esquema vacinal completo em maio ou junho.
A aprovação da CoronaVac pode mudar isso e ajudar a vacinar mais rápido a faixa etária de 6 a 11 anos. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que compraria a CoronaVac para crianças e jovens de 3 a 17 anos desde que a vacina fosse aprovada pela Anvisa. Segundo Butantan, há 12 milhões de imunizantes prontos à disposição do governo.
Em relação à qual vacina é melhor para as crianças, os especialistas são unânimes em dizer: a que estiver disponível mais rápido.
“Não deve ter uma preferência. Ambas vão cumprir seu papel, que é a prevenção de formas graves da Covid-19”, ressalta Kfouri.
Dados do Chile, onde o imunizante do Butantan já está em uso em crianças a partir de seis anos mostram que a CoronaVac foi signifiticativamente efetiva contra hospitalizações e internações em UTIs e óbitos na população pediátrica.
Aumento de crianças internadas
Embora as crianças sejam menos acometidas que os adultos pela Covid-19 e corram menos risco de desenvolver quadros graves, o número de internações nessa faixa etária tem aumentado. Dados do estado de São Paulo mostram que o número de crianças e adolescentes em UTI pela doença aumentou 61% nos últimos meses. Especialistas já haviam alertado para o risco disso acontecer, à medida a vacinação em adultos avançava.
Isso porque o vírus procura pessoas mais vulneráveis, que são justamente os não vacinados. Daí a necessidade de imunizar crianças o mais rápido possível, principalmente diante da disseminação da Ômicron, que é mais transmissível.
Brasil registra 168.495 casos de Covid em 24h
O Brasil registrou 350 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, chegando a 622.205 vidas perdidas para a doença. Os dados foram divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) nesta quinta-feira (20).
Nas últimas 24 horas, 168.495 novos casos positivos para o novo coronavírus (Sars-Cov-2) foram registrados no Brasil. Ao todo, 23.585.243 brasileiros já foram infectados pelo vírus.
Em relação aos casos confirmados do novo coronavírus, São Paulo lidera com mais de 4,4 milhões de casos. Minas Gerais, com 2,2 milhões, e Paraná, com 1,6 milhão de casos, aparecem na sequência.
Nesta quarta, o país registrou média móvel de óbitos de 237; na quarta, essa taxa era de 212. Já a média móvel de casos está em 110.047.
O Instituto Johns Hopkins contabiliza 339.690.871 casos de Covid-19 em todo o mundo e 5.570.909 mortes. Os Estados Unidos, França e Reino Unido são os países mais afetados pela doença no atual momento.
Fonte: Agência O Globo (Com informações de iG)