Os pesquisadores Carla Freire Celedonio, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-CE), Hélcio Silva dos Santos e Paulo Nogueira Bandeira, da Universidade Vale do Acaraú (UVA-CE), que contam com apoio da Funcap através dos editais Inova Fiocruz e BPI, publicaram o artigo intitulado “In silico study of the potential interactions of 4′-acetamidechalcones with protein targets in SARS-CoV-2” (doi.org/10.1016/j.bbrc.2020.12.074) no periódico Biochemical and Biophysical Research Communications. O trabalho também tem como co-autores os pesquisadores Pedro de Lima-Neto, Ramon Bezerra de Menezes e Tiago Lima Sampaio, da Universidade Federal do Ceará (UFC), Alexandre Magno Rodrigues Teixeira, da Universidade Regional do Cariri (Urca) e Marcia Machado Marinho e Emmanuel Silva Marinho, da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
De acordo com os cientistas, o estudo é uma contribuição para pesquisas que levem ao desenvolvimento de um novo agente antiviral para o combate à Covid-19, já que apresenta, pela primeira vez, o potencial inibitório, sobre as proteínas do vírus SARS-CoV-2, de 4′-acetamidochalconas, uma série de chalconas sintéticas com propriedades antibacterianas, antifúngicas, antitumorais e anti-inflamatórias.
Foi observado que as 4′-acetamidochalconas sintetizadas são capazes de se ligar, na célula, na mesma região que um inibidor natural (elemento que protege a célula contra a interação com invasores que a coloquem em perigo). Além disso, outros componentes mostraram potencial para interação com uma proteína do tipo Spike, que é usada pelo coronavírus no processo de invasão às células.
As 4′-acetamidochalconas também podem interagir com um receptor existente na célula chamado ACE2, outro elemento que participa da contaminação da célula pelo vírus. “Os estudos indicam a possibilidade de interação na Spike e no receptor ACE2, o que é um bom indício para o mecanismo de bloqueio do vírus”, afirma Hélcio.
De acordo com ele, os resultados obtidos no estudo são a etapa inicial para que sejam feitas pesquisas in vitro, ou seja, testes feitos em laboratórios com tubos de ensaio. Caso esses testes sejam bem sucedidos, o estudo passará para avaliação em animais cobaias e, por fim, se forem obtidos resultados satisfatórios, um possível medicamento será testado em seres humanos.