Em nove meses, a Covid-19 tirou a vida de mais de 10 mil habitantes do Ceará. A informação foi confirmada através da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), até esta sexta-feira (1º).
O total de óbitos supera a quantidade de habitantes em 20 cidades cearenses com menos de 10 mil moradores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É mais que o dobro da população de Granjeiro, a menor do Estado, que conta com 4,8 mil habitantes. É como se o município Deputado Irapuan Pinheiro, no Sertão Central, desaparecesse do mapa com seus 9,6 mil habitantes.
O número também equivale a cerca de 18 exemplares do A380, atualmente o maior avião de passageiros do mundo, cuja capacidade média é de 540 pessoas por voo. Também corresponde a 143 ônibus urbanos cheios, considerando a média de 70 passageiros informada nos veículos de Fortaleza.
“É com enorme pesar e tristeza que enxergamos esse número de óbitos. Não são números, são pessoas. E quando se trata de saúde, tem que estar todo tempo olhando pro macro, mas também pro indivíduo”, declara o secretário da Saúde do Estado, Carlos Roberto Martins, o doutor Cabeto.
O titular da Sesa detalha que a evolução da pandemia – e, consequentemente, do número de mortos – no Estado depende de alguns fatores.
“Primeiro, o início da pandemia no Ceará esteve relacionado ao número de voos internacionais. O Estado é um hub aéreo importante do Nordeste; segundo, a densidade populacional. Características próprias, urbanas fizeram com que a pandemia fosse maior no início por aqui. Do mesmo jeito, a decisão de como fazer essas restrições sanitárias também tem sido importante garantir que não haja intensidade”, afirma.
O secretário acrescenta, ainda, que a gestão estadual acertou em suas decisões, trabalhando de forma responsável. “Sempre pensamos em preservar a vida das pessoas”, destaca Cabeto.
O primeiro óbito pela doença no Ceará foi registrado oficialmente no dia 26 de março, quando o paciente José Maria Dutra, de 72 anos, residente de Fortaleza, faleceu com Covid-19. Hoje, o IntegraSUS revela que houve três mortes no dia 24 do mesmo mês.
Já em meados de abril, os casos da infecção passaram a se espalhar em direção à Região Metropolitana e ao Interior. No início de junho, todos os bairros de Fortaleza tinham pelo menos um óbito pela doença. Foi em dezembro, com a primeira morte registrada em Antonina do Norte, que todos os 184 municípios cearenses tiveram perdas fatais pela doença.
Entre abril e dezembro, ocorreram, em média, 37,8 óbitos diários por Covid-19. O mês de maio apresentou maior média em uma semana, com 147 registros, e teve o maior número de óbitos num único dia: em 11 de maio, 159 pessoas perderam a vida.
Autocuidado preventivo
Na avaliação da infectologia Roberta Luiz, doutora em Medicina Tropical e médica do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), o autocuidado preventivo deve permanecer mesmo após o início da aplicação da vacina, prevista para o primeiro trimestre de 2021.
A médica também defende que a população fora dos grupos prioritários para a imunização também deve continuar evitando aglomerações, principalmente no período de março a junho, quando aumenta a circulação de vírus respiratórios no Estado.
“Se os resultados forem favoráveis, aí sim em 2022 a gente dispensa o uso de máscara. Mas a higiene das mãos e a etiqueta ao falar e espirrar devem ser mantidos porque isso faz parte da convivência social de todo mundo, não tem a ver só com coronavírus”, explica.
Além de reunir os números mais elevados da doença no Ceará, Fortaleza também é o município do Nordeste com mais óbitos, ultrapassando Salvador e Recife, segundo o Consórcio Nordeste.
Fonte: G1 CE