Desde abril, o Ceará apresenta uma redução sustentada de casos e mortes por Covid-19. Porém, atualmente, ainda são registradas, em média, 76 novas confirmações de casos todos os dias, de acordo com a plataforma IntegraSUS, indicando que o vírus continua em circulação. Os dados são contabilizados pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
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Entre 1º e 24 de outubro, foram 1.833 diagnósticos positivos, uma média de 76 por dia. O número é 60 vezes menor que o pico em abril, quando a média foi de 4.557 infecções confirmadas diariamente.
A quantidade de óbitos também cai paulatinamente, segundo a plataforma. Neste mês, até o momento, a média está em menos de dois registros por dia. Um cenário bem diferente do pico da segunda onda, quando morriam cerca de 127 pessoas a cada 24 horas.
O boletim epidemiológico estadual mais recente sobre a doença, de 18 de outubro, também confirma queda expressiva em todas as cinco regiões de Saúde do Ceará – Fortaleza, Norte, Litoral Leste/Jaguaribe, Sertão Central e Cariri.
Efeitos da vacinação
Para especialistas, o prognóstico mais ameno se deve aos avanços na cobertura vacinal da doença. Até esta segunda-feira (25), 49,2% da população cearense recebeu as duas doses, conforme o vacinômetro estadual.
A médica Roberta Luiz, infectologista do Hospital Universitário Walter Cantídio (Huwc), analisa que a vacinação “ter atingido metas altas foi fundamental para o controle”. Além disso, contribui para que, mesmo infectados, os pacientes não precisem chegar à ventilação mecânica.
4,53 milhões de pessoas já tomaram as duas doses no Ceará, até o último domingo (24). Já a primeira dose foi recebida por 6,42 milhões.
O epidemiologista Luciano Pamplona, professor do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC), também endossa que os casos podem apresentar menor gravidade tanto pelos efeitos da proteção vacinal quanto pelos conhecimentos adquiridos pelos profissionais de saúde durante a pandemia.
“Não há dúvidas de que hoje um médico diante de um caso de Covid tem muito mais segurança do que tinha há um ano e meio atrás. Hoje ele provavelmente interna menos porque conhece mais a doença e o manejo, e tudo isso é melhor para as pessoas no geral.”
Luciano Pamplona, epidemiologista
Contudo, mesmo que seja uma parcela da população com grande cobertura, os idosos ainda representam o maior número de mortes no Estado, atualmente. De acordo com a infectologista Roberta Luiz, devido às vulnerabilidades. Ela reforça que “há outras comorbidades, as próprias deficiências no sistema imunológico, que fica muito mais combalido, e eles pegam infecções secundárias”.
Festas de fim de ano
O Governo do Ceará também vem autorizando, por meio de decretos, a liberação de atividades econômicas e comportamentais, inclusive com a ampliação da capacidade de público em ambientes abertos e fechados.
Por mais que os números oficiais não reflitam um incremento de registros a partir dessas liberações, os especialistas temem o impacto de aglomerações em festas de fim de ano, sobretudo no Réveillon.
“Fica mais difícil usar máscara em ambiente de festa porque as pessoas vão comer e beber. Mas é possível tirar e colocar novamente, ainda que a tendência seja de que as pessoas permaneçam mais tempo sem”, lembra Luciano Pamplona.
A infectologista Roberta Luiz acrescenta, porém, que o risco maior nosso contexto será no início do próximo ano, que coincide com o período chuvoso e maior circulação de vírus respiratórios.
No fim do ano, reforça, para aglomerações grandes precisaríamos estar com uma cobertura vacinal maior. “Geralmente, quem vai para festa é adulto jovem. Se houver uma melhora, podemos pensar. O próprio futebol já é um evento-teste para dar previsão”.
Por Nícolas Paulino
Fonte: Diário do Nordeste