Com os dados de vacinas, de casos e de mortes por Covid-19 fora do ar, o Brasil pode viver um apagão de números da doença nos próximos dias. Os sistemas reúnem informações que subsidiam a elaboração de políticas públicas de saúde. Nessa esteira, a não emissão do comprovante pode vir a ser apenas a epítome de um ataque hacker, que afetou pelo menos nove órgãos federais, além do Ministério da Saúde.
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Entre os riscos apontados, estão a possibilidade de perda de dados epidemiológicos da Covid-19 e de acesso a informações sensíveis dos brasileiros, como CPF, filiação e informações sobre imunizantes, exames e medicamentos, no caso do ConecteSUS. A plataforma também fornece o comprovante de vacinação, que será exigido de turistas para entrada no Brasil.
“Se a gente tiver a perda dos dados de notificação de casos e óbitos, a gente vai ter que torcer para que os dados nos estados continuem funcionando bem, senão a gente pode ter até o início de uma nova onda e não ter os dados federais para comparar”, explicou o coordenador da Rede Análise Covid-19 Isaac Schrarstzhaupt.
Nesse sentido, a vulnerabilidade das informações também é uma questão. A pasta informou que possui backup dos bancos de dados e que trabalha para reestabelecer as informações, mas que ainda é cedo para dar confirmações, já que dados podem ser corrompidos na importação do backup.
“Isso é extremamente grave durante uma pandemia, tanto pelos dados que precisam ser registrados, informações consultadas, emissão eletrônica de documentos, como pela confiança quanto a proteção de dados. Isso, inclusive impactou no adiamento do comprovante de vacinação de viajantes, que começaria a valer neste sábado e fragilizando ainda mais o enfrentamento da pandemia em um país que não tem implementado medidas de proteção adequadas”, avalia a epidemiologista e integrante do Observatório Covid-19 BR Alexandra Boing.
A Polícia Federal (PF) investiga o caso, já abriu inquérito e identificou a conta que invadiu os sistemas do órgão, Como mostrou a colunista do Globo, Bela Megale, a investigação mostra que não ocorreu sequestro de dados relevantes, mas integrantes do governo afirmam que houve captura de parte das informações. Nessa esteira, o objetivo do ataque seria tirar as páginas do ar.
Para o diretor do Data Privacy Brasil Rafael Zanatta, o ministério precisa criar notificação sobre incidentes de segurança e reportar à autoridade nacional de proteção de dados, além de detalhar a natureza do ataque:
“Primeiro, tem uma questão legal de um problema mais crônico, desde o ano passado, de prevenção e de qualidade dos dados. São dois princípios previstos na LGPD. O ministério tem tido reiterados casos onde há negligência com o sistema ou falta de medidas internas para impedir que aconteça. Segundo, existe agora concretamente a aplicação da LGPD por um incidente de segurança”, afirmou o advogado.
Schrarstzhaupt estima que deve levar uma semana para que os dados voltem ao ar, mas o processo pode ser acelerado se etapas de conferências das informações forem puladas.
“Se ocorreu o que os hackers disseram naquela mensagem, estão com os dados de todas as pessoas do Brasil. Isso pode dar problema de vazamento, venda, alteração de cadastro… Todo aquele problema de pessoas não autorizadas terem acesso aos nossos dados”, explicou o analista de dados.
Brasil tem 126 mortes por Covid-19 em 24 horas; seis estados e o DF não atualizam dados neste sábado (11)
Sem dados de seis estados e do Distrito Federal, o Brasil registrou neste sábado (11) 126 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, com o total de óbitos chegando a 616.859 desde o início da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes nos últimos 7 dias ficou em 179. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de -21% e aponta tendência de queda.
A média móvel de mortes completou oito dias abaixo de 200.
Os números estão no novo levantamento do consórcio de veículos de imprensa sobre a situação da pandemia de coronavírus no Brasil, consolidados às 20h deste sábado. O balanço é feito a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.
Um ataque hacker no site do Ministério da Saúde, no aplicativo e na página do ConecteSUS – plataforma que mostra comprovantes de vacinação contra a Covid-19 –na madrugada desta sexta-feira, afetou, indiretamente, a divulgação de casos e mortes em TO, RS, MS, RO, GO e RR.
O DF não tem realizado atualizações de casos e mortes aos finais de semana.
Em 31 de julho, o Brasil voltou a registrar média móvel de mortes abaixo de 1 mil, após um período de 191 dias seguidos com valores superiores. De 17 de março até 10 de maio, foram 55 dias seguidos com essa média móvel acima de 2 mil. No pior momento desse período, a média chegou ao recorde de 3.125, no dia 12 de abril.
Três estados não tiveram registro de mortes nas últimas 24 horas: AC, AP, AM
Em casos confirmados, desde o começo da pandemia, 22.185.663 brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus, com 2.843 desses confirmados no último dia. A média móvel nos últimos 7 dias foi de 7.098 novos diagnósticos por dia. Isso representa uma variação de –22% em relação aos casos registrados em duas semanas, indicando queda nos diagnósticos.
Em seu pior momento, a curva da média móvel nacional chegou à marca de 77.295 novos casos diários, no dia 23 de junho deste ano.
Fonte: Agência O Globo (Com informações do g1)