Em entrevista ao jornal britânico The Telegraph, publicada ontem, Angelique Coetzee, clínica-geral há 33 anos e presidente da Associação Médica da África do Sul, disse que os pacientes que atendeu com a variante ômicron do novo coronavírus (Sars-CoV-2) apresentaram apenas sintomas leves. A especialista ressaltou, no entanto, que ainda é necessário mais tempo para confirmar as informações e os dados a respeito da nova cepa.
Curta e siga nossas redes sociais:
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Coetzee foi a responsável pelo primeiro alerta às autoridades sobre a variante ômicron do coronavírus, recém-descoberta na África do Sul. Ela disse que ficou intrigada com os sintomas “incomuns” e mais leves apresentados pelos pacientes que a procuraram no consultório em Petroria.
“O sintoma mais comum é fadiga intensa por um ou dois dias, seguido de dores no corpo”, disse em entrevista ao periódico britânico. “Algumas pessoas também se queixam de garganta arranhando e uma tosse seca não contínua, que vai e volta”.
Em comunicado, a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que estudos sugerem que a nova cepa aumentaria a chance de uma pessoa que já tenha sido contaminada de voltar a ser infectada. Mas a agência admite que ainda desconhece o impacto da nova mutação.
Dados são preliminares, diz especialista
Sim, as notícias são animadoras, mas é preciso cautela —já que as informações são bastante preliminares. “Ao que parece, o número no aumento de casos provocados pela ômicron ainda não se refletiu no aumento de internações e óbitos”, afirma Alexandre Naime, infectologista e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
O especialista, no entanto, pede para frisar o “ainda” na frase acima. “É um dado muito preliminar, que ainda será monitorado nos outros casos que estão sendo detectados fora da África do Sul”, explica. “Por enquanto, o que sabemos com certeza é que essa variante é bastante diferente das outras e potencialmente mais transmissível”, afirma.
Uma das explicações possíveis para a menor gravidade seria que uma parte já estaria imunizada com a vacina. “Outro fator é que, quando um vírus apresenta muitas mutações, ele acaba perdendo seu poder patogênico [poder de provocar doenças graves] apesar de se tornar mais transmissível, diz o Naime.
E o Brasil?
No Brasil, a Anvisa recomendou que o governo adote restrições para voos e viajantes vindos de seis países da África: África do Sul, Botsuana, Suazilândia (Eswatini), Lesoto, Namíbia e Zimbábue.
Mas o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirma que os cuidados devem ser os mesmos tomados contra outras variantes do novo coronavírus.
Para o epidemiologista Pedro Hallal, professor na Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, é inevitável que a ômicron chegue ao Brasil, mas o país está bem preparado para enfrentar a nova variante. “O Zé Gotinha ganhou da Delta e, agora, está se preparando para enfrentar a ômicron”, brinca. “Com a tendência de melhora da vacinação no Brasil, o país tem alguma defesa para lidar com a ômicron”, acredita.
Fonte: VivaBem/UOL