Foi-se o tempo em que problemas como ansiedade, estresse e depressão eram tabus. E isso é um fato positivo. Assuntos como esses precisam ser tratados cada vez mais às claras.
Estudos apontam que o segundo maior caso de abstenção no trabalho são os problemas psicológicos. Apesar de comuns, esses episódios ainda enfrentam muito preconceito em certos ambientes.
Termos como “frescura” ou “loucura” continuam a ser usados para situações assim. É preciso parar de tratar a questão da saúde mental como algo não relevante.
Vivemos num mundo em que a empatia é mais hastag que fato, onde infelizmente as pessoas verdadeiras e felizes incomodam as que habitam o mundo paralelo da ambiguidade, maldade, insensatez e arrogância. Precisamos estar preparados, pois esses seres habitantes desse mundo bizarro uma hora ou outra cruzam nosso caminho. Na vida pessoal, a gente repele, expulsa. Na profissional, a gente aprende a lidar. É difícil, é campo minado, sobretudo se você é daquelas pessoas que não acredita no “olho por olho, dente por dente”. (Me remeto, por um segundo, a fabulosa história do Conde de Monte Cristo).
Embora estejamos na era dos amores líquidos, tão bem enfatizada pelo sociólogo Zygmunt Bauman, que explicita a fragilidade das relações modernas, precisamos sim buscar a felicidade nas ditas coisas simples, que cada um, ao seu modo, vivencia.
A vida precisa ser natural, valiosa, livre. Não é fácil compreender isso nos dias de hoje, é necessário maturidade e muita reflexão. Mas é perfeitamente possível.
Guimarães Rosa dizia que ”Felicidade se acha é em horinhas de descuido”, acredito que esse descuido é a leveza do coração, do compartilhar, do se alegrar com a alegria do outro e de buscar melhorias em conjunto, acreditando no amor, na amizade verdadeira, no bem querer e na troca de energias positivas.
Estar são nesse mundo não é tarefa fácil, mas contamos com anjos, cujas asas são invisíveis, embora perfumadas. São nossos amigos irmãos, uns de sangue outros de alma.
Encerro aqui esse relato parafraseando Clarice Lispector: “…viver ultrapassa qualquer entendimento”.
Dedicado a um anjo de asas perfumadas que atende pelo nome de Mônica Araújo
Por Hermínia Rachel Saraiva. Jornalista, professora universitária, instrutora de Comunicação e Gestão
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri