Te encontro nos sonhos que não realizo,
nas tardes que passam sem tua voz,
na brisa que insiste em sussurrar teu nome
quando a solidão fala por nós.
És o desejo que nunca se cumpre,
a promessa selada no olhar,
um tempo que corre em sentido contrário,
um barco sem porto, sem cais pra ancorar.
Nossos passos se tocam, mas não se enlaçam,
nossos lábios se calam no medo de ser,
somos dois mundos que nunca se encontram,
duas metades que não podem se ter.
Se ao menos o tempo fosse outro agora,
se ao menos o destino cedesse a nós dois,
mas somos apenas história esquecida,
um amor impossível perdido depois.
Somos páginas soltas no vento do tempo,
um livro inacabado que ninguém vai ler,
dois corações que batem em versos distintos,
unidos apenas no sonho de ser.
Tento esquecer-te, mas és tempestade,
mar que me leva sem porto a encontrar,
um eco insistente em noites vazias,
a sombra que insiste em me acompanhar.
E quando a lua brilha tão fria e distante,
teu nome é um sopro que vem me tocar,
um feitiço lançado, um fio invisível,
um laço impossível de se desatar.
Se ao menos as estrelas pudessem dizer-me
que um dia esse amor poderá renascer,
mas sei que na vida há caminhos selados,
e o nosso, querido, não pode viver.
Ainda assim, guardo em mim tua essência,
como flor que desabrocha sem nunca florir,
um amor impossível, eterno e secreto,
que mesmo proibido, jamais vai partir.
Por Mirta Lourenço. Médica, professora, cronista e poetisa
*Este artigo é de inteira responsabilidade da autora, e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri










