Ser professor muitas vezes exige que a gente não apenas ensine a matéria em si, mas, e principalmente, que a gente mostre dentro da realidade social, onde se pode precisar de determinado assunto ensinado. Sou professor de Língua Portuguesa há 22 anos, e procuro em minha prática fazer isso, mostrar ao estudante onde ele poderá precisar de dado conhecimento, desde o mais simples como uma sigla ao mais complexo, como orações subordinadas, essa opinião não é minha, é deles, os estudantes que definem esses exemplos como simples e complexo.
Mas o que é uma sigla? Se abrirmos qualquer compêndio de gramática encontraremos o conceito que mesmo variando um pouco, girará em torno de “palavras formadas pelas letras iniciais de outras palavras que formam um enunciado” e é bem isso. Sempre uso alguns exemplos que imagino fazer parte do universo linguístico dos estudantes, por exemplo a nossa escola é JAF, José Alves de Figueiredo, SEDUC, ENEM, etc., nos cursinhos sou mais irreverente, uso BRAHMA CHOPP, que traduzo como “Beba rapaziada, amanhã haverá mais alegria, caso haja ocorrência, procure a polícia”, apenas uma criação linguística de bar, quando a referida cerveja tinha nome composto, mas funciona.
Cheguei a essa metalinguagem por uma razão que considerei engraçada, talvez os leitores não vejam humor na história, e se meu personagem da semana, por acaso, se reconhecer nessa crônica, que a encare com leveza, e me decline de qualquer reação que não seja o riso. Conto o pecado, não conto o pecador, desta maneira, não me comprometo, nem comprometo ninguém, já que fica a critério de se a carapaça couber, poderá ter sido qualquer um.
Pois bem, a história foi o seguinte chegando eu até a portaria da prefeitura daquele município, indaguei onde ficava a sala dos recursos humanos, um senhor muito gentil, aparentando seus cinquenta anos falou que não era naquele prédio, talvez na Secretaria de Ação Social. Eu estranhei já que haviam me falado anteriormente, e tinha sido gente de credibilidade, que o setor que eu procurava ficava naquele prédio, mas, respeitei a informação haja vista que o senhor trabalhava lá e era autoridade para tal informação.
Eu já me dirigia ao pátio da repartição quando o mesmo senhor, solícito, indagou-me do que se tratava para se pudesse ajudar-me. Falei que precisava de uma declaração do órgão solicitando uma abertura de conta salário no banco, o moço, desta vez com cara de satisfação, talvez por puder me ajudar, falou em tom de descoberta “Ah, moço, isso aí o senhor pega é no RH!
Por Francinaldo Dias. Professor, cronista, flamenguista, contador de “causos” e poeta
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