O registro, feito pelo fotógrafo Leo Malafaia na Praia de Itapuama, em Pernambuco, no último dia 21 de outubro, mostra um menino saindo do mar, coberto por um saco de lixo, utilizado como uma espécie de colete protetor, e os braços vestidos pela graxa escura que atinge o litoral nordestino, e no rosto uma expressão de desalento.
Esse menino é o nosso país, que sofre pela falta absoluta de gestão, uma criança desbravando o mar, sem equipamento de proteção, fazendo o trabalho que o Estado deveria fazer, injusto, ultrajante e deprimente.
A foto foi replicada mundo afora e o governo brasileiro se preocupa em acusar organizações não governamentais que defendem o Meio Ambiente de forma efetiva desde sempre.
Em menos de dois meses, o derramamento de petróleo no Nordeste já atingiu cerca de 250 locais, afetando pelo menos 14 unidades de conservação ao longo de 2.500 km da costa do país, matando animais e prejudicando muito a economia da região.
Apesar da imensa proporção desse desastre ambiental, questionamentos continuam sem respostas. Afinal quem são os responsáveis e quais os impactos ambientais e sociais dessa tragédia?
Estamos a mercê de um governo que se preocupa em twittar inverdades ao invés de agir com eficiência. Aliás, a demora no acompanhamento do derramamento de óleo já diz muito acerca de sua incompetência.
Lamentável, revoltante e muito triste.
Nos resta não soltarmos as mãos no sentido mais literal possível, a brava gente brasileira já se ligou que precisa resistir, pra se salvar, pra sobreviver, pra lutar e esperar a hora de ascender.
Por esses dias cinzas, parabéns aos envolvidos. Pros dias melhores que estão por vir, eu digo preparem-se.
Éverton, 13 anos. Reitero, esse menino é o nosso país.
Por Hermínia Rachel Saraiva. Jornalista, professora universitária, instrutora de Comunicação e Gestão
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri