Deixo escrito um pé de rosa nos quintais das tuas lembranças. Esfrego os textos passados como quem lava roupa imunda e deixo cair entre os dentes e lábios as palavras mordidas de vontade. Hoje é domingo, deve ser por isso, dia esfregado de preguiças e no tabuleiro alguns búzios perdidos.
Tomo café e nos intervalos aqueço os músculos. Lembro das últimas vezes, que bebi na tua boca vontades do amanhã. O amanhã veio, mas restava somente umas das bocas, a minha.
Cantei inquietações de uma boca só para lembrar que não tenho controle de tudo. O café acaba, sobra algumas histórias sem fim e uma garrafa de vinho, bebo para sentir o gosto flácido dos lábios molhados e das multidões vendendo nos olhos efêmeros desejos.
Fecho a porta. Logo, chega a segunda-feira, abro cedo os livros carregados de nós e ansiosos pelo amanhã.
Por Alexandre Lucas. Pedagogo, artista, educador e integrante do Coletivo Camaradas
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor, e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri