Beijo o útero como partilha do verso e massagem da carne. As cores se mesclavam no final da tarde, entre bandeiras e fantasias, batuques e algodão doce. Pulos, carreiras e brincadeiras. As crianças: poesias andantes. As ruas, banhadas de canções de amor.
Seus olhos brilhavam. Observava a menina negra que carregava uma sacola com bombons, quase do seu tamanho. Fotografava a vó e o seu neto. Lançou um sorriso-abraço ao conhecer a costureira que acompanhava o filho.
Fez-se noite. Costurou a pele com os seus dedos macios. Fez bordado com fios de leveza e cumplicidade. Acendeu chamas e tocou uma valsa para ser sentida no balanço da rede.
Manhã. A renda borda seu corpo espreguiçando “bom dia”. Tuas unhas, pintadas durante a noite, preenchem a delicadeza dos teus dedos. O final da tarde guarda a imagem do pôr do sol e das gentilezas. Enquanto isso, beijo o útero como partilha do verso e massagem da carne.
Por Alexandre Lucas. Pedagogo, artista, educador e integrante do Coletivo Camaradas
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor, e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri










