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Os Matozíadas – Por J. Flávio Vieira

Colunista escreve semanalmente no Revista Cariri

20 de setembro de 2020
Os Matozíadas – Por J. Flávio Vieira
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E Matozinho, apesar da opinião contrária de seus habitantes, não é diferente do resto do país. Cidadezinha mixuruca, perdida como uma Atlântida tupiniquim, ali as sensibilidades ficam é mais aguçadas quando se aproxima a temporada de caça ao voto. É que a prefeitura, em vilazinhas que tais, assume funções variadas: de indústria, de comércio, de prestação de serviços. E, ademais, a administração pública é o maior empregador e empreendedor em burgos como Matozinho. Assim, existem dois tipos de morte por ali: a morte natural , trazida pela velha da foiçona ou a outra morte, mais a varejo e penosa: “ficar de baixo” na política local. Eleições são sempre um divisor de águas, um embate que transpõe, em muito, o lúdico e o lotérico e beira as margens da própria sobrevivência. Ficar “de baixo”, por quatro anos ,corresponde a ser lançado no purgatório, com promessa de promoção às labaredas do inferno e até garantia de tridente de satanás no traseiro.

Se as coisas tornavam-se sempre tensas na proximidade das urnas, como se o rastilho de pólvora entrecortasse a tabacaria, naquele ano , em Matozinho, surgiu um fator agravante: uma fagulha a mais próxima do estopim. Historicamente, a briga se intercalava entre dois grupos principais: os Cangatis e os Chinchorros. Eles vinham se alternando no paço municipal e na Câmara há mais de trinta anos. Os Cangatis eram chamados pelos adversários de “Caga-pra-ti” e os Chinchorros, por sua vez, denominados, pela equipe contrária de “Cachorros”. Contavam-se, ao longo do histórico eleitoral, baixas de lado a lado, geralmente entre cabos eleitorais que emendavam os bigodes em tempos de eleição. Pois o fator agravante foi que , naquele ano, além dos candidatos tradicionais dos Cangatis e Chinchorros, apareceu um tercius. Ou seja, o famoso Fla-Flu tradicional e quadrienal transformou-se numa melhor de três. E, para piorar ainda mais o clima já saárico, Belô de Miné tinha reais condições de levar a taça. Ele era uma figura extremamente popular em Matozinho. Semianalfabeto, fizera a vida como camelô, vendedor de “Pomada do Peixe Elétrico” e tinha conversa envolvente e fácil e, talvez estrategicamente, se fizera sempre extremamente prestativo e caridoso. Minervina, sua mãe, era uma das mais importantes rezadeiras da vila e queridíssima de várias gerações de portadores de espinhela-caída, engasgo de espinha de peixe, picada de cobra e mau-olhado. Belô elegera-se vereador em várias legislaturas e, agora, resolvera tentar pular para uma tarisca mais alta da gaiola. E ganhara , rapidamente, enorme simpatia da população que já cansara da cantilena eterna dos Cagaprati-Cachorros.

Lançadas as pré-candidaturas: Sinderval Bandalheira pelos Cangatis, Castrofo Jurumenha pelos Chinchorros e Belô , por ele mesmo, o pau começou a cantar, antes que tocasse o gongo. E os comentaristas políticos enchiam a pracinha da matriz de N. S. dos Desafogados, com suas avaliações sempre parciais e puxadoras de brasa para seu lado da sardinha. Bom é Sinderval! Tá ganho pra Belô! Castrofo mata no peito e marca o gol de primeira ! O velho Anfrízio Maia, com a experiência que os anos lhe trouxeram e uma frieza de serial killer, vendo o embate interminável e insolucionável, antes de que todas as cartas do baralho tivessem sido traçadas e jogadas na mesa, advertiu os apaixonados:

— Menino! Vocês tão contando com o ovo ainda no fiofó da galinha! Os espertalhões ainda estão arrumando as pedras do xadrez no tabuleiro! Fiquem quietinhos aí! Vocês não sabem ainda a quem foi que os homens venderam nós!

Emparelhados os cavalos nas convenções, deu-se o tiro para a corrida eleitoral. Matozinho tinha o seu Ibope pessoal que funcionava nos bancos da praça e, rápido se percebeu que Belô tinha botado uns três corpos de vantagem no páreo. E, prematuramente, tomou a cidade aquele clima do “já ganhou”. Até os Cachorros e os Cagaprati andavam já de crista baixa. De repente, as profecias de Anfrízio se confirmaram. Sinderval, numa quebrada de asa, avisou que desistira da candidatura e iria apoiar Castrofo. Macacos velhos, acostumados com cumbucas, entenderam que era melhor continuar dividindo o bolo por dois, do que correr o risco de ter que fazê-lo por três ou mesmo ficar por fora da partilha.

A notícia pegou Belô no contrapé. Sabia, perfeitamente, que, com a união das duas famílias, seu Titanic iria a pique. À noite, mandou seus cabos eleitorais avisarem que iria fazer uma declaração oficial na praça da matriz sobre a puxada de tapete. Chegou choroso, com um lenço na mão, queixando-se da trairagem dos inimigos, como se não soubesse que política monta-se em areia movediça e que ganha quem ilude melhor.

Abertas as urnas, o choro de velório de sogra de Belô, não surtiu efeito. Castrofo foi levado ao trono. Logo depois, como se previa, o armistício estratégico entre os Cangatis e Chinchorros se dissolveria.

Credita-se a Jojó Fubuia, o pau d´água e poeta da vila, o registro em feitio de “Lusíadas” (ali chamado de “Matozíadas”) daquele episódio para os anais da gloriosa história da vila de Matozinho do Mato Dentro.

Belô partiu lá na frente
E com a ajuda da gente
Montou o cavalo do cão
Mas fecharam a cancela
Froxaro a cia da sela
Belô lascou-se no chão

Na inleição, pode crê
Cabe a nóis escolher
Que chibata quer de novo
E aguentar sem sobrosso
Fumo fino ou fumo grosso
No cachimbinho do povo

Por J. Flávio Vieira, médico e escritor

*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri

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