Num dia comum, sob um céu que parecia não querer se comprometer entre o azul e o cinza, conheci Miguel. Ele carregava o peso dos anos como quem leva consigo um fardo invisível, mas seus olhos denunciavam uma busca incessante por algo mais, por um significado que escapava às tramas do cotidiano.
Miguel tinha atravessado os altos e baixos da vida, experimentado a doçura e o amargor que ela oferece. Contudo, em um ponto crucial de sua trajetória, algo dentro dele se transformou. Foi como se uma luz tênue se acendesse em um canto antes escuro de sua alma.
Certo dia, em um gesto aparentemente trivial, Miguel decidiu resignificar a própria existência. Ele deixou para trás as amarras do passado, abandonou o peso das expectativas alheias e se permitiu redescobrir a beleza nas pequenas coisas. Foi um processo gradual, como o desabrochar de uma flor que, por muito tempo, estivera adormecida.
Ao invés de enxergar a vida como uma sucessão de eventos sem sentido, Miguel começou a buscar significado nas experiências mais simples. Descobriu a alegria em contemplar o pôr do sol, em sentir a brisa acariciar seu rosto e em compartilhar sorrisos com estranhos no caminho. Resignificar a vida tornou-se, para ele, um exercício diário de apreciação e gratidão.
Não era mais uma questão de correr atrás do tempo perdido, mas sim de abraçar o presente com todos os seus nuances. Miguel aprendeu que a verdadeira transformação acontece quando decidimos olhar para a vida com olhos renovados, quando escolhemos encontrar beleza no inesperado e nos momentos aparentemente banais.
Assim, enquanto o mundo lá fora continuava sua dança frenética, Miguel, com sua resignificação pessoal, dançava ao ritmo suave de sua própria melodia. E, ao fazê-lo, inspirava aqueles ao seu redor a também buscarem o significado que transcende a mera existência, tornando a jornada da vida uma verdadeira obra de arte.
Por Mirta Lourenço. Médica, professora, cronista e poetisa
*Este texto é de inteira responsabilidade da autora, e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri