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O pano bege de Anapu – Por J. Flávio Vieira

Colunista escreve semanalmente no Revista Cariri

16 de fevereiro de 2025
O pano bege de Anapu – Por J. Flávio Vieira

Dorothy Stang, missionária que viveu a maior parte da vida na Amazônia lutando pelos direitos humanos e pela distribuição justa da terra para camponeses pobres (Foto: Reprodução)

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A freira católica Dorothy Stang chegou ao Brasil, no início dos anos 60. Nascera em Ohio nos EUA. Fez-se missionária em comunidades de vulnerabilidade social no Ceará, no Maranhão e na Paraíba. Em 1982 fixou-se no Pará, na região do Baixo Xingu, numa cidadezinha chamada Anapu, um local conhecido internacionalmente pelos imensos conflitos de terra. Dorothy investiu-se na defesa dos pequenos trabalhadores rurais. Pôs-se a denunciar ao Ibama fazendeiros e grileiros que promoviam desmatamento ilegal na região. No primeiro Governo Lula, com a ministra Marina Silva, houve um aporte significativo nos fiscais que controlavam o desmatamento, redundando em multas frequentes, o que aumentou a revolta dos infratores, a gangue de posseiros.

Desde a Ditadura Militar, a faísca fora acesa: o Regime doou terras com a premissa de que os fazendeiros as tornassem produtivas, o que não aconteceu. Quebrado o trato, o Estado passou a ser mais proativo, encetando assentamentos e um início de Reforma Agrária o que aumentou ainda mais a tensão. Dorothy terminou assassinada cruelmente, há exatos vinte anos, por pistoleiros contratados por um cartel de ricos fazendeiros. Um crime hediondo de repercussão internacional. Lutara bravamente pela preservação da mata e pela distribuição de terra para pequenos produtores. O sucessor de Dorothy, o Padre Amaro Lopes de Souza foi também perseguido, sendo preso por mais de três meses, no governo Bolsonaro. Foi ele que, em 2009, mandou fazer uma pintura na igreja local, em homenagem a Dorothy. O painel representa um Jesus Crucificado em uma árvore, vestido com roupas simples de camponês, pele queimada pelo sol e chapéu de palha. Ao lado Dorothy e uma imagem do Padre Jósimo Tavares também assassinado, pelas mesmas razões, no Maranhão em 1986. Uma lembrança à luta pela Reforma Agrária e à morte de vinte um trabalhadores rurais chacinados pelos latifundiários desde a morte de Dorothy.

Nestes dias, para surpresa de todos, o painel foi coberto por uma cortina bege, na igreja, a mando do atual pároco, Josemar Lourenço. Ele é um ex-investigador da Polícia Civil da Paraíba. Foi indicado, certamente, para fazer um contraponto à igreja progressista anterior. O novo padre foi visto celebrando missas em casas de fazendeiros ricos, envolvidos na morte de Dorothy. A freira católica, assim, sofre mais uma tentativa de assassinato, agora por um membro da sua própria igreja. Mas, entre os doze discípulos, teve Judas, não é?

Esta tentativa de apagamento é um viés repetitivo na História da Humanidade. As narrativas são escritas pelos vencedores e, no teatro da vida, os holofotes são lançados em determinados personagens e enredos, assim como as sombras são escolhidas para outros. Os arquivos da Inquisição foram surpreendentemente queimados, parte da Documentação da Ditadura Militar de 1964, desapareceu. Os crimes mais bárbaros são perfeitamente justificados. O pano bege de Anapu é paradigmático. O Padre Josemar não age por si, mas representa um importante segmento da igreja a qual pertence. Ela, desde que se tornou estado, vive uma eterna dualidade entre o Pastoral e o diplomático. Há alas de sacerdotes que buscam seguir os passos do Cristo, mas o Catolicismo, como estado, é profundamente conservador.

Vejam a maior facilidade de beatificação das pessoas vítimas de crimes contra a castidade ou daqueles que foram mártires por conta da sua crença. Os processos andam azeitadamente, a probabilidade de futura santificação aumenta sobremaneira. Da mesma forma, os processos eclesiásticos daqueles que defenderam a ferro e fogo as pautas mais conservadoras da Igreja Católica: João Paulo II, José Maria Escrivá — da Opus Dei —, Thomaz de Aquino. Por incrível que possa parecer, os que enveredaram pelos caminhos do Cristianismo mais puro, em defesa dos pobres e oprimidos, dos desvalidos da terra, o caminho é perfeitamente inverso. Os Humilhados não serão exaltados. Dom Oscar Romero foi assassinado em 1980, em San Salvador, por defender os pobres. Chegou a ser visto como um perigo para a cúpula da Igreja. Padre Henrique, assessor de Dom Hélder, foi chacinado na Ditadura de 1964. Frei Tito suicidou-se em consequência de torturas durante o Golpe Militar. O bispo da Guatemala, Juan José Gerardi, foi assassinado, em 1998, por denunciar violações dos Direitos Humanos, por parte do Exército local. Onde andam seus processos de Beatificação? Para esses casos que mexem com a estrutura política do estado Católico, o mais que se consegue é estender um imenso pano bege para esconder a dura realidade. Se Cristo retornasse à Terra, chegando em Anapu, pelos antecedentes do Novo Testamento, ele estaria do lado dos camponeses sem-terra ou dos latifundiários?

Tirem, por favor, esse pano bege!

Por J. Flávio Vieira. Médico e escritor. Membro do Instituto Cultural do Cariri (ICC). Agraciado com a Medalha do Mérito Bárbara de Alencar

*Este texto é de inteira responsabilidade do autor, e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri

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