Em uma pequena vila aninhada entre montanhas verdejantes, havia um jovem chamado Pedro. Ele era um menino de olhos brilhantes e coração curioso, que vivia em busca de aventuras, mesmo que fosse dentro de seu próprio mundo imaginário. Pedro tinha um dom especial: ele conseguia tecer fios de sonho com a agulha da sua mente.
Todas as noites, antes de adormecer, Pedro se deitava na varanda de sua casa, onde o céu se abria em um manto de estrelas, e contemplava a vastidão do universo. Ali, ele costurava os mais lindos fios de sonhos, cada um com cores e formas únicas, como se fossem teias tecidas pela própria natureza.
Ao adormecer, Pedro cruzava a linha tênue entre a realidade e o mundo onírico. Em seu sono, ele se via em terras distantes e misteriosas. Voava com asas de borboleta entre nuvens brancas, mergulhava em oceanos de estrelas cintilantes e dançava em florestas encantadas, acompanhado por criaturas imaginárias que se tornavam seus amigos mais queridos.
A cada novo amanhecer, Pedro acordava com um brilho nos olhos e o desejo de compartilhar seus sonhos. Ele desenhava suas aventuras noturnas em páginas em branco, transformando-as em histórias que cativavam a todos na vila. Seus sonhos inspiravam os moradores a embarcar em suas próprias jornadas imaginárias e a perceberem que a magia estava presente em cada canto da vida.
Porém, nem todos na vila compreendiam o dom de Pedro. Alguns o consideravam estranho e perdiam-se em suas próprias preocupações diárias, esquecendo-se dos encantos da infância. A vida adulta parecia aprisioná-los em rotinas cinzentas, afastando-os do mundo mágico dos sonhos.
Certo dia, enquanto Pedro estava à beira do lago, observando o reflexo do sol nas águas tranquilas, encontrou um senhor idoso sentado em um tronco caído. O velho homem possuía um olhar sábio e um sorriso afetuoso. Intrigado, Pedro se aproximou e começou a conversar com ele.
O senhor contou histórias sobre seus próprios sonhos e como a vida costumava ser repleta de magia. À medida que ouvia, Pedro percebeu que o tempo havia levado as cores vibrantes dos sonhos dos adultos, tornando-os cinzas e monótonos.
A partir daquele momento, Pedro soube que sua missão era devolver a magia aos corações adormecidos dos moradores da vila. Com a agulha da esperança, ele costurou fios de sonho nas roupas e nos sorrisos de cada pessoa, reavivando a chama do encantamento que havia se perdido.
Aos poucos, a vila se transformou em um lugar especial, onde sonhos e realidade se entrelaçavam harmoniosamente. O dom de Pedro inspirou todos a se conectarem com sua imaginação e a enxergarem beleza nas pequenas coisas. As noites tornaram-se momentos de encontro com a própria alma, onde cada pessoa podia tecer seus próprios fios de sonho.
E assim, a vila de Pedro se tornou conhecida como o lugar onde os sonhos ganhavam vida, onde o impossível se tornava possível e onde a magia era alimentada pela simplicidade do coração humano. Porque Pedro, o menino que sabia costurar sonhos, ensinou a todos que, independentemente da idade, a imaginação pode ser a ponte que nos leva a lugares onde só os sonhos ousam alcançar.
Por Mirta Lourenço. Médica, professora, cronista e poetisa
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri