A melhoria da qualidade ambiental das cidades requer condições para favorecer e estimular o uso dos espaços públicos nos quais habitantes se sintam confortáveis para circular a pé, em transportes públicos e opções não motorizadas. Para isso, deve-se fazer uma análise do clima urbano, das áreas edificadas e a relação destas com a atmosfera local no qual estão inseridas.
O estudo da escala microclimática permite o acompanhamento das mudanças de efeito locais do clima como a formação de ilhas de calor e as oscilações no balanço de energia em comparação com os sítios naturais do entorno. Esses efeitos de calor podem ser controlados até certo ponto com a adoção de medidas de projeto à níveis de escala urbana e de edifício, e torna-se possível por meio do conhecimento e da aplicação das legislações de uso e ocupação de solo e códigos de edificações locais, que por sua vez irão colaborar com a expansão de áreas urbanas de forma estratégica, organizada e responsável.
Para o planejador urbano, o estudo da Climatologia possibilita a utilização de ferramentas para a realização de projetos urbanísticos que preservam a qualidade do meio ambiente estimando-se ainda os impactos de aspectos ligados à função, economia e segurança do ambiente projetado e que refletem na saúde e no bem-estar da população.
Esse estudo complexo vai além da aplicação de critérios qualitativos e princípios gerais. São desenvolvidas metodologias para a análise quantitativa e integrada de atributos da forma urbana e do clima em diferentes escalas, incluindo critérios de conforto ambiental e de eficiência no uso de recursos energéticos. São elaborados procedimentos de modelagem numérica que viabilizam estudos preditivos de clima urbano ao nível das coberturas (Urban Canopy Model,UCM); e simulações tridimensionais (ENVI-met) que proporcionam a visualização das interações que ocorrem entre solo, superfície (vegetação e área urbana) e a atmosfera na microescala urbana.
Nos estudos microclimáticos urbanos ligados à Arquitetura e o Urbanismo, o mais aplicado é o ENVI-met, criado por Michael Bruse e equipe. Este modelo gratuito de software que opera tendo como fundamento os princípios da Mecânica de Fluidos e as leis fundamentais da Termodinâmica, utiliza características dos processos da macro e mesoescalas para assim fornecer dados da microescala. O recurso fornece dados complexos de ações que ocorrem no meio urbano como turbulência, transporte de calor sensível e latente, fluxos de radiação em estruturas urbanas e a influência da vegetação. Além destes dados, o software pode determinar as temperaturas de superfície (pisos e envoltória das edificações), as trocas de água e calor no solo, o índice de conforto dentre outras informações. Todos esses dados são extremamente importantes na aplicação de projetos relacionados à Arquitetura, ao Urbanismo e à construção civil.
Logo, o estudo do clima urbano se respalda na Climatologia para compreender e fundamentar suas idéias no que diz respeito ao quadros de mudanças climáticas nas cidades. Através da previsão de prováveis consequências que podem afetar as áreas urbanas, as edificações e seus habitantes, são implantados projetos com o objetivo de reduzir e combater o quadro de mudanças climáticas ocasionadas pelas atividades humanas, e através de uma possível adaptação, melhorar o nível de desempenho das construções e a redução da sua vulnerabilidade frente às constantes alterações climáticas.
Inspirado em: GONÇALVES, Joana Carla/ KLAUS, Bode et. al., Edifício ambiental
Por Gabriela Gomes. Apaixonada pela Arquitetura e o Urbanismo. Acredita em uma arquitetura participativa como uma ferramenta capaz de provocar mudanças e promover a inclusão social. Por um Urbanismo sustentável e inteligente. Juazeirense, reside atualmente em San Jose, CA
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri