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O Cisne e sua sombra – Por J. Flávio Vieira

Colunista escreve semanalmente no Revista Cariri

22 de novembro de 2020
O Cisne e sua sombra – Por J. Flávio Vieira
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“A sombra é sempre negra, nem que seja de um cisne branco.”
(Pablo Neruda)

Qualquer aprendiz de cozinheiro sabe, perfeitamente, que o sabor inconfundível de qualquer iguaria depende, principalmente, do equilíbrio dos seus mais diversos temperos. Basta errar-se a mão no sal, no açafrão, na pimenta, para pôr-se a perder a mais requintada receita de lagosta ou camarão. Por outro lado, nenhum deles é de menor importância: o que seria da mais gostosa moqueca do nobre badejo, sem o humilde dendê? Pus-me a pensar nisso mesmo, hoje, ao observar o imenso caldeirão étnico brasileiro. O que fez a delícia tupiniquim, o sabor inconfundível do povo brasileiro, único na sua alegria, no seu despojamento, foi a mistura calculada de raças que terminaram por mesclar-se na nossa panela: índios, brancos, negros, amarelos, judeus, árabes… O somatório desses ingredientes, dosados milimetricamente, ao correr dos anos, é que terminou por transformar-se num prato digno dos melhores máster chefs.

Sei, dos segredos culinários, que nenhum desses ingredientes no nosso cadinho étnico sobrepuja em importância qualquer outro. Por outro lado, percebo que alguns podem se sobressair por conta da sua raridade, da sua excentricidade e pelas tribulações na hora preparo. No Brasil, tenho sempre comigo que a etnia africana carrega consigo uma relevância ímpar, como se fosse a ameixa do nosso pudim. E as razões são simples. Foram arrancados à força de países como Nigéria, Angola , Benin e Moçambique, a partir do Século XVI, por quase quatro centúrias, trazidos em terríveis condições de insalubridade, com mortalidade que devia alcançar próximo de 50%. Os sobreviventes, apartados de seus familiares já em território brasileiro, foram levados, como alimárias, às galés perpétuas, à tortura, ao estupro. Aqui chegaram, nem se sabe exatamente, em torno de quatro milhões, vendidos nas feiras como porcos ou galinhas. Só em 1888, seríamos o último país a libertá-los, e não por questões humanitárias, mas perfeitamente econômicas: a mão de obra assalariada já era mais barata que a escravizada. Foram então jogados à própria sorte, sem qualquer amparo governamental: sem indenização ou qualquer tentativa de inclusão social. Mais de quinhentos anos depois, a população negra, que hoje perfaz quase 60% da população brasileira, ainda continua tateando em meio à escuridão. Dados do último censo de 2010 mostram que dos 16 milhões de brasileiros vivendo na extrema pobreza (renda de até 70 reais mensais), 11,5 milhões são pardos ou pretos, ou seja, 72% do total. Além disso, enquanto o analfabetismo entre os negros alcança 13,3%, entre os brancos reduz-se a 5,3%; a expectativa de vida para os brancos eleva-se a 73 anos, seis a mais que entre os negros; dos brasileiros brancos, 15% possuem nível universitário, enquanto, entre os negros, esse número se reduz a apenas 4,7%; a possibilidade de ser assassinado é mais que dobro entre os negros, 64%, que entre os brancos, 29% do total de homicídios. A Senzala apenas transferiu-se para as favelas; o pelourinho agora tem o nome de cadeia; o estado com suas polícias faz-se os capitães do mato da modernidade; a escravidão ganhou tinturas de trabalho doméstico, de trabalho no campo, de boias frias. Existe um Racismo de vigília em cada esquina, mas, o pior, é o Racismo institucionalizado como Estado que agora faz o papel do senhor de engenho.

Mas, o mais impressionante de tudo, o que me leva a pensar na magnitude e dimensão desse ingrediente Afro, na nossa formação, foi a maneira como, em meio a tamanhas restrições e violência, os Negros conseguirão sublimar tudo e marcar indelevelmente a cultura brasileira. Basta olhar ao derredor. Nossa Música, nossos ritmos são marcantemente negros. Nossa culinária tem nuances incríveis de negritude e, o mais belo, conseguiram fazer seus pratos típicos com aqueles ingredientes mais irrelevantes, aparentemente intragáveis, desprezados das mesas das casas grandes. Nossa dança, nossos folguedos, nossa religiosidade, profundamente mestiços, têm fortíssimos traços dos nossos irmãos africanos. Alguém já disse que nesse país ninguém tem sangue azul. Todo mundo tem sangue preto: alguns nas mãos, incontáveis nas veias. Mesmo assim, até hoje, 122 anos depois da Lei Áurea, a Escravização é ainda uma realidade presente e vergonhosa.

Como a Escravização foi, por mais de 400 anos, uma política de Estado, a Libertação necessita também tornar-se uma política pública contínua. Uma forma de minimizar um dos pecados originais dessa Nação. O Racismo Individual é apenas uma extensão do Racismo Estrutural. Todo brasileiro precisa entender que por mais que nossa autoimagem pareça reluzente e dourada, nossa sombra, a silhueta étnica de todos nós, basta olhar para o reflexo, é de um lindo e estonteante negro.

Por J. Flávio Vieira, médico e escritor

*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri

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