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O Calo de Sangue – Por J. Flávio Vieira

Colunista escreve semanalmente no Revista Cariri

9 de janeiro de 2022
O Calo de Sangue – Por J. Flávio Vieira
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A praga de lagartas chegou em Matozinho sem mandar telegrama prévio. Veio, estrategicamente, desembarcando ainda em setembro, em pleno início de chuvas. Alastrou-se com uma velocidade impressionante por todos os sítios da região. Numa cidadezinha de economia quase que totalmente agrícola, tratava-se de uma hecatombe bíblica. Os matozenses dependiam, para a sobrevivência, basicamente, do paiol. Não havia qualquer ajuda governamental possível, apenas celestial e esta sabia-se estava atrelada aos humores de santos e orixás. Pragas e secas, assim, estremeciam o ânimo da população que se via, rapidamente, entre a cruz e a caldeirinha. Sentindo o impacto da peste que repercutiria em fome e desamparo por mais de um ano, trabalhadores rurais procuraram, de pronto, os políticos. A Prefeitura era então comandada pelo chefe Sinderval Bandeira, apropriadamente chamado de Bandalheira, e a Câmara de Vereadores presidida pelo magarefe Degiia. Imaginavam os mais desavisados que Degiia se tratava de um descendente nobre de algum conde italiano. Só com o passar dos dias se descobria que o nome, na realidade, era apenas uma contração de “Cu de Gia”. O magarefe “Toninho Cu de Gia” era totalmente desprotegido na sua retaguarda.

Acossado pelo reivindicação da grande maioria dos trabalhadores de Matozinho, Bandalheira teve que tomar providências, pensando em futuras eleições. Junto com Degiia montou uma comissão para combate às pragas de Matozinho: a COCÔPROMATO. Foram convocados para a Comissão: além do famoso Degiia, Pedro Fechacurto, o eletricista; Toinho Vilabrequim, o mecânico; Giba, o dono do bar, sob a presidência de Tuca Tareco, o padeiro da cidade. Houve protestos entre os agricultores relativos à pouca tecnicidade dos escolhidos no que tange ao combate a lagartas. Bandalheira, no entanto, disse , abertamente, que aquela era uma equipe multidisciplinar de altos conhecimentos nas mais amplas áreas do desenvolvimento lagartal.

— Calem a boca! Eles entendem desde baía até lagarta de fogo! Vocês não sabem a diferença de uma lacraia prum piolho de cobra – Ameaçou um Bandalheira que mal escondia a escolha de seus mais diletos correligionários na formação da COCÔPROMATO.

Na primeira semana, a comissão já defendeu a aplicação de mel de abelha diluído em água para cura da infestação. O tratamento foi proposto por Fechacurto que convenceu a todos que era sensacional e já amplamente testado em todo o estado e em outras plagas e pragas. Ninguém desconfiou que teria a ver com o filho do eletricista, Chiquinxu, um dos maiores tiradores de mel da região e fornecedor monocrático. Na primeira semana, coincidência ou não, houve uma melhora do ataque lagartal. Mas, quinze depois, a praga estourou de forma redobrada, naquela que foi considerada a segunda onda da peste. Os agricultores descobriram, então, que as roças eram, na verdade, de lagartas e havia muito pouco legume.

A COCÔPROMATO foi chamada, novamente, para reunião de emergência. Os lavradores lembraram o nome de um antigo agrônomo aposentado de Matozinho, Zuzu Maniçoba. Ele tinha larga experiência no assunto e, na capital, já presidira uma comissão de combate a pestes de lavouras. Bandalheira, no entanto fincou pé: nada de estrangeiros! Acataram , então, a proposta de Giba: diluir cana de cabeça na água e borrifar, coincidentemente, Giba tinha um enorme estoque à disposição para a campanha de combate à peste. Aparente melhora, um mês depois, Matozinho estava surfando na terceira onda da peste de lagartas. O pouco milho que restara já começava embonecar e o feijão já estava armado em canivetes. Desta vez alastrou-se com uma velocidade impensável.

O povo, diante da perspectiva de fome e desabastecimento vindouros, entrou em parafuso. Houve um grande desfile (a Passeata das Enxadas) desde Bertioga até a porta da Prefeitura. Mais de mil matozenses gritando palavras de ordem contra Bandalheira e a COCÔPROMATO. A Comissão, ciente do protesto, já tinha se reunido pela manhã, precisava dar uma esperança ao povo desesperado. Bandalheira, Tareco e Digiia receberam alguns mais revoltados na Câmara dos Vereadores. Sinderval explicou, então, que aqueles tinham sido os mais experientes membros de uma comissão já instalada em Matozinho. Com eles as lagartas iam pedir arrego. Entregaram, a seguir, mais de mil caixinhas para serem distribuídas com os agricultores locais. Eram kits para o combate a Peste de Matozinho, uma solução definitiva, aprovada em reunião, um tratamento desenvolvido pelo mecânico Vilabrequim. Dentro estavam as instruções de uso da estrovenga, um verdadeiro exterminador serial de lagartas.

Nico Macassa, um dos maiores produtores de feijão daquelas brenhas, foi um dos primeiros abrir o kit milagroso, mal chegara em casa, ansioso para, por fim, dar cabo na peste que assolava Matozinho e adjacências. Ao abrir a caixinha, que tinha um oferecimento do prefeito na tampa, deu com um pequeno tijolinho metálico e um bastão também de ferro de uns quinze centímetros. Abriu um papelzinho e leu as instruções de uso:

Modo de Usar
Pegue a lagarta que você pretende exterminar e coloque a cabeça dela no tijolinho. Depois, bata no toitiço dela com a baqueta de ferro. Repita o mesmo movimento com quantas lagartas for necessário.

Alerta: Cuidado pra não errar e acertar a cabeça do dedo! Ói o calo de sangue!

Por J. Flávio Vieira, médico e escritor. Membro do Instituto Cultural do Cariri (ICC)

*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri

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