Que um pai percebeu que filho cresceu
E diz surpreso – Meu Deus, como o tempo passa!
Em outra casa, nada tem graça: o tédio venceu!
E os sorrisos agora tão preciso, sumiram
É que na mesa está faltando etanol
E pela primeira vez, acreditem, a luz do sol
Foi notada e causou espanto
Por alguém que triste em um canto
Daquela casa alegre de mentira
Percebeu que há vida lá fora
Justamente agora, mas porque agora?
Alguém diz que tinha razão
E cita aquele massacrado jargão
A gente valoriza quando já não tem
E reconhecer até que convém.
Ali, aqui, alhures, todos com seus dramas
A vida tem cada trama
Os netos de repente querem abraçar seus avós
Mas pelo bem dos anciãos
Para que amanhã possas ignorá-los
É melhor não
Então pegue o celular e faça uma ligação
Uma chamada de vídeo
E humildemente diga a sua avó e avô
Que os ama
Sem drama
Estamos isolados agora em casa
E essa sensação que nos arrasa
Traz uma grande e imensurável lição
Não se trata de solidão
Está mais para remorso
E a verdade é pra ser dita e sentida
E eu reforço:
Abaixo a hipocrisia!
A gente agora tem que mudar o plano
E todo dia
Não basta falar
A gente tem que viver o TE AMO!
Por Francinaldo Dias. Professor, cronista, contador de “causos” e poeta
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri