Era Natal de 1967, época de continência e de chumbo. A bravura se entranhava nas matas, dois homens e uma mulher. Cabeças carregadas de sonhos e disposição para arar a terra e enfrentar canhões.
Aos poucos, os três se multiplicaram. Chegaram braços e mentes vindos para um Brasil desconhecido e se misturam ao povo, trocaram abraços, preocupações, saberes e o que se tinha de mais valioso, a esperança.
Era o velho e o novo temperando a utopia. Um senhozinho de cabelos brancos, altura de não impor medo e um jovem negro em formato de muralha, tinham a mesma disposição para cultivar o alimento e enfrentar os braços armados da ditadura. As mulheres empunhavam os seus sonhos na mesma altura de suas armas.
Em três anos, a bala fez peneira de carnes, mas ainda hoje se escuta os gritos cantados para acordar o amanhã.
Por Alexandre Lucas. Pedagogo, integrante do Coletivo Camaradas e presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais do Crato/CE
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