Numa tarde ensolarada, com o céu salpicado de nuvens brancas e preguiçosas, sentei-me à beira de um parque, observando a vida que se desenrolava diante dos meus olhos curiosos. À minha frente, crianças corriam pelo gramado, casais caminhavam de mãos dadas e pássaros dançavam nos céus.
Enquanto absorvia a atmosfera serena do local, fui tocado por uma pergunta que muitas vezes paira em nossas mentes, mas nem sempre ousamos responder de maneira franca: qual é a minha maior riqueza?
A resposta, descobri ao longo do tempo, não reside em cifras bancárias ou posses materiais. A verdadeira riqueza, entendi, é um mosaico de momentos, experiências e relações que compõem a tapeçaria da vida.
Lembrei-me de um dia em que, após uma semana exaustiva de trabalho, encontrei-me com velhos amigos para um simples jantar. Ali, entre risadas e histórias compartilhadas, percebi que a riqueza não estava apenas nos alimentos que tínhamos à mesa, mas na companhia calorosa que aquecia nossos corações.
Cada riso, cada abraço, era uma moeda valiosa que enchia meu cofre emocional, mais do que qualquer saldo bancário poderia fazer. As relações, descobri, são uma fonte inesgotável de riqueza, um tesouro que não se deprecia com o tempo, mas cresce e se valoriza.
Enquanto continuava a refletir, notei um senhor idoso alimentando pombas nas proximidades. Seus olhos cansados brilhavam com uma luz especial, e eu me perguntei: será que sua maior riqueza está na simplicidade de apreciar a paz de um momento tranquilo, compartilhando migalhas com seres alados?
Em contraponto, pensei em pessoas que, enredadas na teia frenética do sucesso material, muitas vezes esquecem de valorizar os pequenos tesouros cotidianos. O brilho de um pôr do sol, o som da chuva batendo na janela, a risada de uma criança – todas essas pequenas fortunas que a vida nos oferece gratuitamente.
Assim, percebi que a maior riqueza não é algo tangível que pode ser contado, pesado ou medido. Ela reside nas experiências que nos moldam, nas conexões que construímos e nos momentos que nos fazem sentir verdadeiramente vivos.
Naquela tarde, no tranquilo parque, descobri que minha maior riqueza era a capacidade de apreciar o presente, de colecionar momentos que enriquecem minha alma. E, ao final do dia, quando o sol se pôs, percebi que, na busca da verdadeira riqueza, havia encontrado um tesouro inestimável: a sabedoria de valorizar aquilo que o dinheiro não pode comprar.
Por Mirta Lourenço. Médica, professora, cronista e poetisa
*Este texto é de inteira responsabilidade da autora, e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri