No início do ano, todos traçaram seus caminhos em um grande palco chamado 2023, com a expectativa de realizar os planos meticulosamente elaborados. Os projetos pareciam promissores, cada um deles uma peça essencial para compor a narrativa de sucesso imaginada.
Os primeiros atos transcorreram com entusiasmo, como uma sinfonia de otimismo e possibilidades. As cenas se desenrolavam de acordo com o roteiro esperado, e as pessoas se dedicavam a seguir os planos com a convicção de que alcançariam suas metas. Mas, como em qualquer peça, o enredo sofreu reviravoltas inesperadas.
A chegada de uma pandemia global foi como uma mudança brusca de cenário, exigindo improvisação e ajustes no script. Os atores, no caso, todos nós, tiveram que aprender novos diálogos, ensaiar passos diferentes e se adaptar ao palco transformado pela realidade. Os planos originais, cuidadosamente elaborados, tornaram-se um rascunho diante das alterações imprevistas.
Os desafios se tornaram personagens inesperados na trama, testando a resiliência e a capacidade de reinvenção dos protagonistas. Viagens foram adiadas, metas profissionais tiveram que ser reformuladas, e a vida cotidiana assumiu nuances até então não previstas nos scripts individuais. O que parecia uma peça de comédia assumiu tons dramáticos, mas a humanidade persistiu em busca de soluções e novos enredos.
À medida que nos aproximamos do último ato, é hora de refletir sobre o desempenho no palco da realidade. Alguns protagonistas podem se surpreender ao perceber que, apesar dos desafios, conquistaram mais do que imaginavam. Descobriram novas habilidades, fortaleceram laços afetivos e aprenderam a encontrar alegria nas pequenas vitórias diárias. Outros podem lamentar as cenas não representadas, mas talvez encontrem valor nas improvisações e surpresas inesperadas.
E assim, no encerramento desta temporada, podemos concluir que, embora os planos nem sempre tenham sido seguidos à risca, a verdadeira magia aconteceu nos momentos improvisados, nas cenas não ensaiadas e nas relações que se fortaleceram diante dos desafios. No palco da realidade, o espetáculo da vida revelou-se uma produção única e inesquecível, onde a capacidade de adaptação e a resiliência foram as estrelas principais.
Por Mirta Lourenço. Médica, professora, cronista e poetisa
*Este texto é de inteira responsabilidade da autora, e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri