Os movimentos sociais da cultura historicamente tem marcado a luta pelo direito à cidade. O processo de articulação e de entrelaçamento com outras organizações e lutas tem provocado tomada de consciência e incidência política.
Os movimentos sociais da cultura são concebidos como ações e organizações que tem uma dimensão para além da linguagens artísticas e das expressões culturais.
O Cultura Viva, a Política de Estado que ficou conhecida a partir dos Pontos de Cultura e que vem se consolidando como movimento político da sociedade civil que tem assumido no país, essa característica de fortalecimento da incidência política a partir da atuação em rede, desde atuações localizadas ou em dimensões macros.
No período da pandemia, o Cultura Viva teve papel determinante para aprovação da Lei Aldir Blanc e das leis seguintes: Lei Paulo Gustavo e Política Nacional Aldir Blanc – PNAB, por conseguinte impulsionou a efetivação dos Sistemas de Cultura nos diversos níveis. Essa força articulada teve papel destacado nas últimas conferências nacionais de Cultura. Na última Conferência Nacional de Cultura, os Pontos de Cultura deram o tom político e ideológico do Cultura Viva, ultrapassando a exigência de mais recursos, mas apontando caminhos conceituais e de defesa de um outra cultura política e um projeto de nação, tendo a cultura na transversalidade e centralidade política.
Atuação em rede do Cultura Viva percorre caminhos de desconstrução da política cultural a partir do seu nascedouro 2004.
O movimento e a política pública Cultura Viva, duas questões distintas e indissociáveis, no tocante ao caráter de ruptura da sociedade civil e os limites do Estado, apresentam em comum a possibilidade da potência política espalhada e interligada em cada território e lugar do país.
A defesa do Cultura Viva enquanto movimento político organizado e baseado na construção de uma sociedade comunal, de radicalização da democracia cultural e econômica é o que vem constituindo esse movimento no Brasil e na América Latina.
Os Pontos de Cultura estão inseridos na dimensão espacial e na diversidade do nosso povo, nos contrastes e nas desigualdades sociais e econômicas do país e tem atuado de forma direta e indireta na ocupação dos sonhos e das resistências em cada cidade.
A incidência política deste movimento é resultado da sua luta coletiva, da união de pontos, da costura de redes, mas ao mesmo tempo exige vigilância coletiva para não degenerar no seu caminho político e ser mero instrumento do jogo do capital. É no caminho inverso que o Cultura Viva ergue suas bandeiras. Batemos tambores para anunciar uma nova cultura política, uma nova política cultural e uma nova cultura de sociedade conectada com a emancipação humana.
Por Alexandre Lucas. Pedagogo, artista, educador e integrante do Coletivo Camaradas
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor, e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri