O comportamento espúrio por parte de uma gama significativa da sociedade ocidental na sua adoração a seres desprezíveis como Mussolini e Hitler não foi extinto. Adorar e cultuar essa sordidez é uma prática mais comum do que se pensa. Mesmo com o linchamento em praça pública do embuste do Mussolini e o suicídio da ferida fedegosa do Hitler na segunda guerra mundial, não solucionou as práticas sujas deles e nem de seus sequazes.
Há exatamente 38 anos atrás, temos um dos exemplos dessa postura nefasta, fascista e miliciana. Em setembro de 1982, os campos de refugiados palestinos Sabra e Chatila, localizados no Líbano, foram atacados por falangistas libaneses, apoiados pelo exército de Israel. A motivação dos ataques já era evidente mesmo antes de acontecerem. Segundo Bashir Gemayel, da milícia cristã de extrema-direita Falanges Libanesas, os palestinos que viviam naquele território eram “população excedente”. Após três dias de seu assassinato –Bashir não chegou a ver seu projeto higienista se cumprir, o genocídio foi posto em prática: 3 mil palestinos mortos, dentre eles crianças, mulheres e idosos. O Massacre de Sabra e Chatila infelizmente não foi uma exceção desde a criação Estado de Israel, em 1948, quando métodos “higienistas” passaram a ser constantemente aplicados, segundo denúncias feitas por palestinos e mesmo intelectuais israelenses. Para lembrar os 38 anos do massacre, e para destacar a urgência do debate sobre um Estado nacional palestino soberano e reconhecido internacionalmente. As relações entre Estados em conflito e grandes potências se compara a situação da Palestina aos assaltos de força à Irlanda, Vietnã e Argélia. “Um Estado [de Israel] que conta com apoio e investimento de uma grande potência abre espaço para excessos. Infelizmente, outros Sabras e Chatilas ainda podem acontecer” (afirmação cunhada pelo professor Reginaldo Nasser PUC-SP).
Saber que a questão palestina expressou e expressa uma situação problemática de política externa e colonialismo moderno é crucial, para que o debate não recaia nos culturalismos e discussões religiosas. Na época do massacre o fundamentalismo era reportado como coisa dos falangistas, não dos palestinos. É chato, covarde e desonesto o encaminhamento que está se dando hoje ao conflito. A redução ao aspecto cultural só traz retrocessos. Questões eternas e sempre presentes dão lugar a questões de identidade cultural. Isso nos desvia dos pontos cruciais do debate sobre o Oriente Médio, totalmente arraigados no problema da política internacional e intencionalmente difundido pela política externa do Tio Sam, reforçada recentemente com a supremacia branca do governo Trump. O fracasso do Acordo de Oslo de 1993 é evidente, a criação da Autoridade Palestina, um aparato protoestatal, não confere aos palestinos uma nação reconhecida. É mais uma ilusão de Estado palestino, não podemos confundi-lo com a Autoridade Palestina em voga. A Autoridade Palestina foi pautada pelo Acordo de Oslo, que, entre seus itens, previa a contenção de terrorismo. O absurdo é que se devem conter de ataques-bombas às pessoas que jogam pedras, para quem a ocupação continua e tem sua imagem atenuada pela vigência da Autoridade Palestina. Esta seria uma resposta ilusória e insuficiente ao movimento palestino, representando uma crise de formação do seu Estado. Os ataques à Faixa de Gaza, assassinatos e sequestros de palestinos são exemplos de que se trata não de um choque cultural, mas da política externa israelense com a chancela da União Europeia e ações diretas e constantes dos Estados Unidos com a intenção de garantir a todo custo o reconhecimento do Estado Judeu e alastrar a islamofobia mundo a fora.
Um Estado que conta com apoio e investimento de uma grande potência abre espaço para excessos. Infelizmente, outros Sabras e Chatilas ainda podem acontecer. O uso da desgraça religiosa e a benevolência para as atrocidades promovidas por Israel e seus apoiadores, a cruzada dos cristãos e a participação direta de Judeus fascistas ainda persistem, juntos a isso o crescimento dos cristãos fascistas no Estados Unidos e na republiqueta do miliciano no poder, como por exemplo mor a pastora Flordelis com suas peripécias e a malta dos mercadores da fé.
Por Sandro Leonel. Um kaririense inquieto.
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri