O afeto é uma caverna cheia de mistério. A água escorre pelo corpo, sinto os gemidos ardidos das tuas unhas. Da varanda, capturava as imagens das nuvens que como a matéria e os pensamentos se alteram. O cheiro de café com canela, talvez vire lembrança das manhãs aquecidas com língua, olhos e ternura.
Sequestro combinando. Sequestrar é um ato que foge do controle da previsibilidade. Partilhar a comida e dividir histórias. Uma parada para ler Ogum’s Toques Negros, afinal a poesia não está nas palavras. Tivemos duas luas e nos ocupamos de buscar as estrelas. Dedilhamos a pele e os intervalos de nós.
Dividir os instantes como eternos, mesmo a eternidade sendo limitada para nossa brevidade. Corpo político, cheio de andanças e estações. Estações são primaveras, fogueiras e desertos. Comemos duas luas e não foi o suficiente. Comeremos outras luas, porque elas são pequenas para os nossos desejos.
Tua roupa espalhada e teus lábios molhados. A pipoca para lembrar o filme sem filmagem. Nua, embalada de num lençol de rosas, dormia quente, após terremotos.
Diante do sol, seguia em liberdade, com a promessa de devoramos mais uma lua depois de sete dias, numa encruzilhada para descobrir a descolonização dos afetos e beber licor de Jenipapo.
Por Alexandre Lucas. Pedagogo, artista, educador e integrante do Coletivo Camaradas
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor, e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri