Cheguei só. Em tempos de chuva, os bares ficam cheios de mesas vazias. Entrei, o caminho era o banheiro, desculpa para se situar, dois minutos para fazer de conta que fazia alguma coisa, pelo menos lavei as mãos e saí procurando quem não tinha perdido.
Sentei na primeira mesa vazia e avistei duas amigas, logo estávamos conversando. Com sociólogas, é sempre riso, deboche e sociedade, entre alguns goles e palavras, o jogo da vida da vida demonstrava que não estava fácil para ninguém
Enquanto debulhava as conversas, olhava atentamente meus pensamentos que não tinha nenhuma conexão com o diálogo da mesa, mas ainda bem que as duas sociólogas compuseram a noite.
Em uma das mesas tinha bolo de aniversário e umas seis pessoas, não contei direito, passei rápido, falei constrangido. A impressão é que existiu uma pausa de dez segundos para me olhar, fiz de conta de que não sabia de nada.
Seguir, até encontrar o esconderijo mais próximo: as sociólogas. Logo a mesa do bolo se desfez. As meninas saíram, eu caminhei só, com a certeza que a aniversariante assassinava naquele instante as estrelas.
Por Alexandre Lucas. Pedagogo, artista, educador e integrante do Coletivo Camaradas
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor, e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri