Manhã, círculo de vozes violentas fazem caminhada. O pássaro pousa demonstrando a aparência da sua liberdade. A escritora toma café lentamente, enquanto, a intensidade e a contradição fervilham.
A escritora sangra, escreve o texto na carne viva, costura o que é possível e esgarça sem piedade o ventre que há tempos já não é sagrado.
O texto segue fazendo rio e escondendo o silêncio. A lua e o sol como os pensamentos se movimentam. A escritora se olha no espelho, sai tateando o seu corpo em busca de perceber os traços das angústias e as memórias de felicidade. Compara ao que não possível comparar, ou, talvez seja, as marcas que amputaram suas asas.
A escritora escreve questionando a sua respiração, justamente a respiração, o termômetro das suas emoções. Tenta ser fiel para não trair as suas verdades, mas deixa enigmas para não fazer uma nudez dos seus sentimentos.
A mentira se entrelaça com poucas verdades. A escritora reconstrói o seu olhar deslocando feridas para avenidas e beijos para esconderijos, sem necessariamente seguir uma ordem. Ela faz do texto uma alma encardida.
A escritora mente desgovernada até fazer jorrar suas verdades. Ninguém a conhece, os seus textos são apenas a aparência dos seus voos.
Por Alexandre Lucas. Pedagogo, integrante do Coletivo Camaradas e presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais do Crato/CE
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri










