Quando eu era menino
Em minha rua passava um rio
Nas margens, areia alvinha
pedras bem branquinhas.
No leito água cristalina corria
livre e limpinha
Reino encantado de Piabas
Traíras e karis.
Com o tempo foi o rio
sendo aprisionado, domado
Entre paredes de concreto armado.
Asfixiado o fio cristalino
foi o rio sepultado no seu próprio
leito.
Olhando onde antes foram tuas margens
minha vida eu contemplo
Como a ti também fui eu
Depois desses anos todos passados
Pelas adversidades desse mundo
Sendo aprisionado, domado
E vi tantos sonhos meus sepultados
no leito dessa minha jornada.
Os que são de agora não sabem
Que quando eu era menino
Em minha rua passava um rio
hoje em seu leito sepultado.
Por Fabiano Brito. Cratense, cronista e poeta com três livros publicados: “O Livro de Eros”, “Ave Poesia” e “Lunário Nordestino” (Editora UICLAP)