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A palavra sagrada – Por J. Flávio Vieira

Colunista escreve aos domingos neste espaço

30 de novembro de 2019
A palavra sagrada – Por J. Flávio Vieira
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Houve um tempo em que a palavra empenhada carregava consigo força de lei. Não existiam cartórios, tabeliões, reconhecimento de firmas, avalistas. Valia a palavra simples pronunciada, que se firmava no ar como se nas tábuas da lei de Moisés. A honra de qualquer vivente punha-se à prova quando o compromisso oral, aparentemente frágil e volátil, era pactuado. Os homens diagnosticavam-se como probos e honestos, utilizando-se a escala de honradez da palavra assentada. Claro que vicissitudes e tormentas, no curso da vida, poderiam fazer com que fosse impossível cumprir os contratos verbais. Talvez, nestes tenebrosos momentos, ficasse ainda mais visível a retidão e a dignidade humanas. Devedores, tantas e tantas vezes, preferiam a morte à desonra. Não raro, por outro lado, assistiam-se a cenas de generosidade por parte daqueles mutuantes que alargavam prazos do pagamento, dispensavam débitos ou reemprestavam dinheiro para que devedores se soerguessem e, depois, ressarcissem suas dívidas. Os bancos e os advogados ainda não tinham estabelecido a avidez dos juros e a frieza siberiana das relações mercantis.

Mas um dia, chegaram os bancos, os agiotas, os notários, os cheques e os protestos. Pessoas precisavam de um empréstimo e já não mais procuravam o compadre, mas o gerente. As casas comerciais passaram a desconfiar dos clientes. A venda a crédito dispensou a cadernetinha do bodegueiro, substituindo-a pelo papagaio. A palavra empenhada perdeu sua notoriedade e começaram a pulular os malacas, os velhacos e os malandros. A retidão perdeu a sua importância e a sabedoria, a trapaça, a astúcia encheram-se de magnetismo e de glamour. Os comerciantes, rápido, desenvolveram um serviço de inteligência próprio, uma espécie de SPC e compartilhavam experiências e histórias de velhaquice entre si. Começaram, também, a exigir referências nas compras a crédito e nos empréstimos bancários.

Essa é uma história de um comerciante do Crato, oriundo, como tantos e tantos outros, das terras de Jardim. Homem sério, positivo, ainda da geração da palavra sagrada. Um dia chegou na sua loja, um fiscal do Banco do Brasil, que tinha como função tomar informações pessoais junto a pessoas ilibadas e referenciadas pelos próprios clientes.

— Seu Chico, por favor, sou fiscal do Banco do Brasil e queria lhe pedir algumas informações sobre um cliente. O senhor conhece o Sr. Bernadino Fogaça ?

O experiente comerciante lembrou imediatamente do Foguinho, como era chamado. Velhaco de carteirinha, era daqueles de quem os comerciantes do Crato tinham medo de vender até a vista.

— Foguinho? Conheço demais! É gente da casa!

— Seu Chico ele é um bom pagador? Cumpre com suas obrigações?

— Olhe, meu amigo! Eu só lhe digo uma coisa: na época de inverno bom, ele não paga a gente vivo não, agora em ano de seca, eu não sei informar! Pode até ser!

Seu Chico tinha um fornecedor de sola, de longa data. Um tal de Filismino Varjota. Morava em Parnamirim, no Pernambuco. O certo é que Filismino, em uma de suas viagens, fez uma proposta de empréstimo no Banco do Brasil e o colocou como informante. O fiscal do banco, novamente, foi ter à sua porta.

— Seu Chico, tudo bem? Sou do Banco do Brasil e queria lhe pedir informações sobre um cliente que nos fez uma proposta de empréstimo. Filismino Varjota, o senhor conhece?

— Conheço demais. Gostava muito dele! Rapaz bom ! Pena que tenha morrido ainda novo!

— Morrido, seu Chico? Quando? Pois semana passada ele esteve lá no Banco e parecia tão saudável!

— Pois é ! Eu também me admirei. Naquele mesmo dia, ele passou aqui e me disse que estava aperreado e me pediu para adiantar os duzentos contos de réis que ia receber do empréstimo do banco. Ele me disse que viria pagar terça feira passada como sem falta e, lembro como hoje, disse assim: Eu só não venho pagar terça, escreva aí: se eu estiver morto! Eu emprestei! Hoje já é sexta e ele nada! Morreu, coitado! Só pode! Vou mandar celebrar uma missa na Sé na intenção da alma dele! Coitado!

Por J. Flávio Vieira, médico e escritor

*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri

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