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A fila da poesia – Por Alexandre Lucas

Colunista escreve semanalmente no Revista Cariri

10 de setembro de 2020
A fila da poesia – Por Alexandre Lucas
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Clarinha, que nunca foi branca, antes de saber ler já dizia com clareza “fui abandonada pela minha mãe”. Chamava de mãe uma senhora que mais parecia sua avó e que pouco sabia o que dizem as letras.

Clarinha era uma das pretas e das misturadas da nossa gente. Povo brasileiro é gente de cor misturada e nessa mistura separaram as cores das palavras. Parece mesmo que as cores dão sentido as palavras, ou, as palavras dão sentido as cores. Acho que palavra tem mais haver com pão do que com cor, aliás, cor, palavra e pão tem tudo haver. Acho que deve estar se perguntando o que tem haver uma coisa com a outra e esperando uma resposta. Talvez a resposta não esteja aqui, mas cor, palavra e pão se faz a trindade profana que nos une e separa.

Quero mesmo é falar de Clarinha.

Tinha uma fila enorme, não era tão grande, mas era enorme. Quando é possível algo ser enorme e não ser grande? Depende do tamanho de como enxergamos as coisas. Já Clarinha era pequena, tinha 7 anos, lia todos os livros que tinham imagens, os outros que tinham palavras deixava para depois. A fila continuava enorme e Clarinha não era a única pequena. Tinha gente de todo tamanho e de várias cores.

Tinha algo estranho naquela fila. Enquanto alguns disputavam a fila, outros observavam sentados no meio do tempo com os olhos arregalados e pintados de brilho, não sei se é possível sentar no tempo. Já outras pessoas não se aproximavam, mas viam e escutavam das suas portas e janelas o que aconteciam naquela estranha fila.

No final da tarde, último do domingo de cada mês, sempre tinha aquela fila, parecia ser um outro domingo e em outro lugar. Bandeiras vermelhas, rosas, amarelas, verdes e azuis anunciavam que era domingo de fila. Depois vinham as cadeiras e umas caixas pretas que ficaram penduradas, também não faltava bolo, café e muito menos mungunzá. Roupas e livros novos e usados e um monte de trabalhos feitos na mão, na razão e no coração estavam ali para serem trocados por pão, ou seja, dinheiro mesmo, forma de falar, é porque no final iria servir para o pão mesmo.

Clarinha, que não sabia ler as palavras estava na fila, e sua mãe que parecia sua avó e, que pouco entendia das letras, estava na cadeira. A preta da Clarinha sempre chamava uma amiga para ficar do seu lado na fila, mas a amiga tinha que saber ler ou pelo menos achar que que já sabia, se já juntasse algumas letras era suficiente.

Clarinha entrava na fila a todo instante e sempre com uma amiga de lado. Quando chegava à sua vez, ela olhava aquele povo sentado e se tornava enorme com sua amiga. Elas ficavam no meio, entre duas caixas pretas penduradas, pertinho delas tinha um microfone e a amiga com um livro na mão, lia, com entraves, pronuncias esquisitas e alguns acertos. Clarinha repetia tudo naquele microfone, onde todas as pessoas faziam filas só para falar. Só para falar?

Deve ter algo mais naquele microfone que durante anos é colocado no meio rua para o povo falar da mãe que abandona e da palavra que não caminha com as cores e o pão nosso de cada dia. Clarinha entrou na história só para falar de poesia.

Por Alexandre Lucas. Pedagogo, integrante do Coletivo Camaradas e presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais do Crato/CE

*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri

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