Foi numa manhã de agosto
De dois mil e dezenove
Que o fato que mais comove
A alma da humanidade
Aconteceu na cidade
Francisco de Assis Alves
Voou ao céu feito ave
E voou até o céu
Chegou lá com um papel
E foi entrando na nave
A nave uma grande sala
Tipo igreja ou salão
Tico chegou no portão
Apresentou-se ao porteiro
Que com sorriso faceiro
Falou: É Tico da liga?
Não me reconhece? Diga
Não reconhece os amigos
Eu já trabalhei contigo
Mas entre, vamos, me siga
Tico da Liga entrou
E ainda meio encucado
Até meio desconfiado
Pois não lembrava quem era
Pensou: quem é essa fera?
Que disse que foi da liga
E o porteiro: vá prossiga
Lá na frente tem um setor
E aqui o pensou, pergunte ao diretor
Quem sabe ele não diga
Tico seguiu o corredor
Passou por um portão azul
Dobrou na direção sul
E de repente avistou
Um luz que alumiou
A porta que era a saída
Seguiu naquela descida
E avistou um gramado
Quando olhou, emocionado
Viu uma grande torcida
Todo mundo bateu palma
E Tico entrou no gramado
Por todos sendo aclamado
Chegou um senhor barbudo
Que de longe via tudo
E foi dando as boas vindas
E disse: Esta festa linda
Aqui no céu pra você
Serve para você vê
Que a vida nunca finda
Ontem fiz uma reunião
Para ouvir as ideias
E na nossa assembleia
A turma toda solicitou
E a gente analisou
Se era viável o pedido
E se sendo atendido
Traria algum benefício
Analisei o ofício
Deferi depois de lido
Teve um abaixo assinado
pedindo um campeonato
Igual um que tem lá no Crato
Reune cem agremiação
– Mas no céu competição
Nunca houve, como será
Quem que vai organizar?
Então Manuel Ismênio
O Menoca, esse Genio
A gente pode convidar!
Mas convidar quem?
E diante do impasse
Pediram que procurasse
Por aqui o Severino
Que já tinha sido árbitro
Certamente estava apto
Para assumir a missão
Severino disse: NÃO!
Apitar eu vou no ato
Procurando então Amilton
Que era do Juazeiro
Mas estava no terceiro
Ano de purgatório
Fomos lá no escritório
E olhamos nossa lista
Tinha alguns desportistas
Mas nenhum tão preparado
O projeto era ousado
Maiado falou: – Tem Tico
Todo mundo olhou: Zico?
Tico da liga do Crato!
Foi feita uma reunião
As pressas com todo santo
Reunidos lá num canto
São Paulo e São João
São Bráz, São Sebastião
São Francisco e São José
Santantoin e São Tomé
Que disse: eu não tô crendo
E só acredito vendo
Que essa ideia vai da pé
Ligaram então para Deus
Que autorizou o chamado
E Tico foi convocado
Para essa organização
Teve então a reunião
Pra fazer o regulamento
Vão fazer o orçamento
E todos tão convidados
O primeiro campeonato
Que vai ter no firmamento
Só se ouve comentários
Vão chamar a Chapecoense
Pense num time pense!
Menoca escalou seu escrete
João Leão e Thoin são os beque
Na lateral nego Dola
Na esquerda trago de fora
Pra o gol, chamei o Dida
Luiz Biraia e Nanida
Vão de volante guarida
Na meia eu e Valdir
No ataque Lulu e Maiado
Quer um time mais armado
Nós vamos nos garantir
E os times se organizando
Cada craque de outros tempos
Alguns já estavam lentos
Outros ainda em forma
Fizeram todas as normas
Teve a última reunião
E foi nesta ocasião
Que anunciaram Bola murcha
Que famoso como a Xuxa
Deu a sua preleção
Maiado “foi muito feliz
Na sua colocação”
Pra essa competição
Tem que ter experiência
“Bato na tecla” consciência
Vai ter taxa de arbitragem?
E ajuda pras viagem?
É quanto a premiação?
E a taxa de inscrição?
Onde que fica o campo
Pra mesário bota os Santo
Quanto ganha o campeão?
De cada conco pergunta
Quatro envolvia dinheiro
São José o carpinteiro
Falou: Escute o que digo
Tico da liga, amigo
Abra os olhos e veja
Por mais experiente que seja
Olhe a realidade
Vou te dizer a verdade
Aqui não vai ter cerveja
Nem resenha, nem forró
Vai ter jogo e alegria
O que na terra existia
Mas sem as coisas mundanas
Aqui ninguém te engana
Foi chamado para isso
Esse era teu serviço
Atendemos o pedido
E aqui temos cumprido
E o que temos é isto
Tico olhou para São Pedro
E disse meio abusado
Sempre tenho trabalhado
Em prol deste futebol
Enfrentei chuva e sol
Quando era bom, vi o mel
Quando era ruim, vi o fel
É isso que vem dizer?
Homem, eu quero é descer
Isso aqui é lá céu!!!
Por Francinaldo Dias (Difá), professor e poeta