Eis que a colunista da Folha de S. Paulo, anuncia que a possibilidade de prisão de Bolsonaro é considerada praticamente impossível, de acordo com informações obtidas entre operadores da lei de cortes superiores, que transitam como fontes anônimas em sua coluna.
São informações privilegiadas, sem dúvidas, fruto de trabalho jornalístico competente. Mas o que mais chama a atenção é o que não foi anunciado, é o que está para além das entrelinhas.
Não existe inocência no paraíso político brasileiro, nem mesmo com a eleição de Lula, o grande guerreiro dos oprimidos. A lisura política no Brasil, até das aparências, é uma invenção mambembe, completamente afastada do senso de ridículo.
O garantismo peculiar da vida pública brasileira começa a alardear que não tem escapatória para o jeitinho brasileiro: Bolsonaro vai se tornar inelegível, sem dó e nem pena, só com a velha picada venenosa do continuísmo, que ao mesmo tempo galvaniza o extenso repertório arbitrário do deixa disso.
Não se sabe ao certo se a concomitância de narrativas entre juristas e autarquias momentâneas da federação que está no poder, em afirmar que não é momento para prender Bolsonaro, é fofoca de bastidores ou se é a construção de um discurso dissimulado de assujeitamento do povo, que não sabe o que é assujeitamento, muito menos caquéticas autarquias duradouras.
O fato é que Lula foi preso por um bandido de primeira instância, em um julgamento fast food, sem provas e com convicções que não convenciam nem as carpas assassinadas por moedas. 580 dias depois o circo foi desfeito, saiu do STF e foi armado no estacionamento do Congresso, com Moro e Dallagnol eleitos. Agora, com a oportunidade de transgredirem as leis nas suas próprias fabricações, provando a mitografia liberal que o trabalho dignifica o homem.
Uma fotografia nada aleatória poderia ilustrar esse artigo: Quaquá e Pazuello.
Juntos, rindo da cara dos enlutados, já esquecidos e já protocolados nas gavetas do axioma da governabilidade. É certo que Quaquá não define o que é o PT e a federação, mas é certo que muitos da federação são definidos por posturas nada aleatórias, que não apresentam provas da necessidade intestina das alienações criminosas da governabilidade, mas defendem com profunda convicção que não é momento para a justiça integral, só a desnata.
Por Marcos Leonel – Escritor e cidadão do mundo
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri