Após oito dias de internação com o novo coronavírus, o cearense Bosco Couto, 49 anos, recebeu alta hospitalar na última sexta-feira (27) do hospital particular que estava internado em Fortaleza. Ainda em isolamento por recomendação médica, o consultor de marketing alerta para a gravidade da doença e relembra momentos de angústia, quando temeu não ter condições de, ao menos, se despedir de familiares e amigos, em caso de agravamento do quadro clínico.
O Ceará registrou nove mortes pelo novo coronavírus até a noite de quarta, conforme informe epidemiológico da Secretaria da Saúde (Sesa). Além disso, estão confirmados 445 casos de infectados no estado.
Bosco Couto foi diagnosticado com a Covid-19 no dia 10 de março, mas, antes da confirmação, as primeiras suspeitas eram de dengue, diante dos sintomas comuns, como febre, dor no corpo e nos olhos. “Outro médico me pediu exames mais específicos de sangue e foi aí que deu negativo para Dengue”, contou. Os sintomas que o levaram à internação foi a pneumonia e a falta de ar.
Fazer parte do grupo de risco, por ter diabetes tipo 2, agravou a situação do consultor, que de seus oito dias internados, passou um na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e outros cinco respirando com auxílio de respirador.
“Ficar sem respirar é muito ruim. Saber que a Covid-19 estava matando também gerou muito medo”, relembra.
Isolamento
Durante a internação, a sua maior angústia, além do medo e da incerteza sobre o futuro, era o isolamento. “Ficar nesta hora isolado totalmente só, sem ninguém seu por perto é muito ruim. Tive medo de não me despedir das pessoas”, confidenciou.
“Esta é uma doença forte e cruel, pois além do corpo, ela ataca o nosso espírito. Ficar isolado não é fácil, não ter certezas não é fácil e ficar sem ar é desesperador”, foi assim que Bosco descreveu a doença em uma postagem em suas redes sociais.
Ainda que ele tenha recebido alta hospitalar na sexta-feira (27), não apresenta mais nenhum sintoma há sete dias e seus exames estão com resultados satisfatórios. Couto permanece em isolamento, mesmo dentro de casa.
“Conversando com meu médico, ele pediu para eu ficar isolado em casa até quinta (2), ou seja, sete dias após minha alta médica, mas penso em ficar até sábado”, declarou. “Estou isolado por excesso de precaução e para mostrar as pessoas que elas devem ficar em casa”, completou.
Saudade da família
A saudade da família se somou à angústia do isolamento, tornando a felicidade de reencontrar a família ainda maior.
“Melhorei o astral quando cheguei em casa. Mesmo isolado no quarto, com porta fechada e sem ter contato com meu filho e esposa, sabia que eles estavam do outro lado da parede e isto faz uma diferença grande”, pontuou.
Bosco conta que ninguém de sua família apresentou sintomas do novo coronavírus, mas que depois de tudo que passou, deseja agora conscientizar as pessoas de que esse vírus vai muito além de um a simples “gripezinha”.
“A doença é séria e pode atingir todos, de qualquer idade e classe social. Gente jovem pode morrer, gente saudável pode morrer, o risco é maior para os mais velhos e com doenças pré existentes, mas não se trata só disso, de adoecer. Trata-se de parar a propagação, de não contaminar o outro. trata-se de não sobrecarregar o Sistema de Saúde. Então a medida mais acertada é ficar em casa, seguir a quarentena”, concluiu.
Por Isabella Campos
Fonte: G1 CE